SAUDAÇÕES DE ENCERRAMENTO
Capítulo 4:7-18
As saudações finais que Paulo
anexa ao corpo da epístola apresentam um belo quadro da graça, da bondade e do
interesse mútuo que existirá no círculo Cristão quando os santos estiverem se
movendo de acordo com a verdade do Mistério. Eles ilustram as condições felizes
de comunhão entre os santos no corpo de Cristo enquanto eles se movem juntos.
Várias pessoas são mencionadas por vários motivos:
Vs. 7-8 – “Tíquico” (At 20:4; Ef 6:21; 2 Tm 4:12;
Tt 3:12) é mencionado primeiro. Foi ele quem levou a epístola aos colossenses.
Epafras poderia ter sido escolhido para fazer isso, sendo que ele era
colossense, mas como ele foi encarcerado com Paulo (Fm 23), não foi possível. Tíquico
também deveria trazer as notícias pessoais sobre o “estado” de Paulo em Roma. Ao mencionar isso, vemos que Paulo sabia
que os santos colossenses estariam interessados em seu bem-estar pessoal, mesmo
que não tivessem visto o rosto dele antes (cap. 2:1). Isso é Cristianismo
normal.
Não se fala muito de Tíquico
nas Escrituras, a não ser o que lemos nesta passagem. Paulo fala de três coisas dele aqui. Ele era “um irmão amado”. Ele era “um ministro fiel”, e ele era “um companheiro no Senhor”. Ter amor e
fidelidade combinados em uma pessoa é uma combinação rara. É um equilíbrio
ideal. Muitas vezes, quando os homens procuram ser fiéis, são inconscientemente
severos e rude. Eles tendem a manifestar pouca preocupação com a paz de espírito dos
santos. Por outro lado, aqueles que são distinguidos pelo amor podem ser corteses à custa da
fidelidade. Nenhum desses extremos caracterizou Tíquico; seu amor não impediu
sua fidelidade. Paulo acrescenta: “para
que saiba do vosso estado e console os vossos corações”. Isso não é se
intrometer nos assuntos alheios, mas a mostra de um genuíno cuidado e
preocupação pelos irmãos. Isso mostra como o amor Cristão se deleita em participar.
V. 9 – “Onésimo” foi um escravo que roubou seu senhor e fugiu. De alguma
forma ele cruzou caminhos com Paulo e a graça de Deus operou em seu coração e
ele foi salvo. (Veja na epístola de Paulo a Filemom a história toda.) Ele era
agora um “fiel e amado irmão” (TB) e
deveria ir com Tíquico a Colossos com a carta a Filemom. Fidelidade e amor pelas
quais ele foi distinguido são as mesmas duas coisas que foram ditas de Tíquico.
No entanto, nada é dito indicando que ele tenha ministrado a Palavra, como foi
o caso de Tíquico. Isto é provavelmente porque ele ainda era muito jovem na fé.
V. 10 – Os próximos três
homens foram convertidos do judaísmo – “a
circuncisão” (v. 11). Eles pediram que Paulo enviasse suas saudações aos colossenses.
O primeiro deles foi “Aristarco”.
Ele era um “macedônio de Tessalônica”,
que veio a Roma com Paulo na viagem memorável que sofreu naufrágio em Melita (At
27:2). A julgar pelo seu nome, ele provavelmente era um prosélito gentio do
judaísmo, mas tendo acreditado no evangelho, ele havia se convertido ao Cristianismo.
Como Tíquico, Aristarco tinha acompanhado Paulo em sua terceira viagem
missionária (At 19:29, 20:4) e foi usado pelo Senhor na pregação e ensino (Fm
24). Em algum momento, ele havia sido preso e encarcerado com Paulo. Assim,
Paulo o chama de “meu companheiro de
prisão” (TB).
“Marcos” (João Marcos – At 12:12), que era “sobrinho de Barnabé”, também enviou suas saudações. Doze anos
antes, ele havia se “apartado” de Paulo
e Barnabé em sua primeira viagem missionária (At 13:13; 15:38), mas tendo
recuperado a confiança do apóstolo, estava mais uma vez servindo com ele. Note
que Marcos não é dito ser um ministro fiel
como eram Tíquico, Onésimo e Epafras. Supomos que isso aconteceu porque ele
falhou em seu serviço com eles e desertou os apóstolos em Perge. Já que os
santos em Colossos provavelmente sabiam do falha de Marcos, Paulo queria que
eles soubessem que ele havia recuperado a confiança dos irmãos e mais uma vez
foi “muito útil” no ministério (2 Tm
4:11). Assim, Paulo recomendou-o aos colossenses para que o recebessem, se ele
fosse para eles. Apesar de ser um servo que havia falhado, Marcos foi levado
mais tarde a escrever o segundo evangelho que retrata o Senhor como o Servo
perfeito. Os “mandamentos [instruções – TB]” aos quais Paulo se
refere são os decretos apostólicos que foram dados aos crentes gentios (At
15:20, 29; 16:4, 21:25).
V. 11 – “Jesus, chamado Justo” também enviou suas saudações. Os santos o
chamavam de “Justo” em vez de Jesus,
porque eles evidentemente acreditavam que o nome de “Jesus” – que é o “nome que é
sobre todo o nome” (Fp 2:9) – deveria ser reservado para só o Senhor. Este
verso levou os irmãos a encorajar aqueles que receberam o nome Jesus por
nascimento a mudarem seu nome por outro quando eles são salvos.
Os irmãos citados acima eram
uma verdadeira “consolação” para
Paulo. A palavra grega traduzida como “consolação” aqui não é encontrada em nenhum
outro lugar nas Escrituras. Isso mostra que Paulo sentiu a perda de sua
liberdade e realmente sentiu falta da comunhão que ele havia desfrutado entre
os irmãos.
Vs. 12-13 – Paulo então envia
saudações de três crentes gentios que estavam com ele em Roma. O primeiro deles
é “Epafras”, que era colossense (“que é dos vossos”). Paulo chama
especial atenção para o fervor desse homem na oração. Ele era um ministro capacitado
da Palavra (cap. 1:7), e em geral acredita-se que foi por meio de seus
trabalhos que a assembleia colossense foi formada. Mas parece que seu maior
ministério foi o da oração. Ao estar em cativeiro com Paulo, ele foi separado
de seus irmãos locais, mas trabalhou em oração pela causa deles. Como
mencionado em nossas observações no capítulo 1:9, talvez o maior serviço que
podemos fazer pelos santos seja orar por eles.
Vemos do modo como Paulo fala
da oração aqui que definitivamente há um conflito espiritual envolvido. Ele diz
que Epafras estava “combatendo sempre [seriamente – JND] por vós em orações”. Na margem da KJV diz “esforçando”. (Veja também o capítulo 1:29-2:1 e Lc 22:44 na
Tradução JND). Há espíritos malignos “nos
lugares celestiais” – a esfera da atividade espiritual – (Ef 6:12) que
trabalham para impedir as orações dos santos (Dn 10:12-13). É por isso que precisamos
perseverar na oração (v. 2).
Epafras cuidou dos colossenses
com “grande zelo”. Assim, ele tinha
o coração de um pastor. O grande objetivo em suas orações era que os santos em
Colossos fossem “perfeitos e completos
em toda a vontade de Deus” (JND). Isto se refere aos santos sendo
estabelecidos na verdade do Mistério. Paulo orou para esse fim também (cap.
1:9). É triste dizer que, apesar das orações e trabalhos de Paulo e Epafras e
outros, os santos colossenses nunca alcançaram este objetivo. Em quatro ou
cinco anos, esses mesmos santos da província da Ásia se afastaram de Paulo e de
sua doutrina (2 Tm 1:15). Eles não se afastaram do Senhor. Eles permaneceram Cristãos,
pois desistir de sua confissão de serem crentes no Senhor Jesus Cristo seria
apostasia; isso nenhum Cristão verdadeiro fará. Mas eles não queriam mais ser
identificados com os ensinamentos de Paulo por causa da reprovação e da
perseguição relacionadas a ele (2 Tm 1:8, 16-18).
O zelo e cuidado de Epafras
não era apenas para seus irmãos locais em Colossos, mas também para “os que estão em Laodiceia (a 15
quilômetros de Colossos) e os de Hierápolis
(a 19 quilômetros de Colossos)”.
Ele sabia que a má doutrina “alastrará
como gangrena” (2 Tm 2:17 – AIBB), e essas assembleias vizinhas também estariam
sob o perigo do ensino místico.
V. 14 - “Lucas, o médico amado”, também enviou suas saudações.
Aparentemente, ele permaneceu com Paulo até o final da vida de Paulo (2 Tm 4:11).
“Demas” cumprimentou-os também. Mas nem uma palavra é dita sobre ele.
Paulo não diz que ele foi amado ou fiel, como ele afirma dos outros. Isso nos
faz pensar se ele estava se afastando em sua alma, e Paulo não tinha nada
louvável a dizer dele. Paulo fala de Demas da mesma forma em sua epístola a Filemon
que acompanhava essa epístola (Fm 24). Tudo o que sabemos é que, da próxima vez
que lemos sobre ele, Paulo diz: “Demas
me desamparou [abandonou – JND],
amando o presente século” (2 Tm 4:10).
Paulo não diz que Demas foi para o “presente
século mau”, uma expressão usada em sua epístola aos gálatas (Gl 1:4).
Isso não significa que Demas saiu e se tornou um devasso, mas que ele adotou
uma forma mundana na sua interpretação dos princípios Cristãos, e isso o levou
a seguir um caminho diferente daquele que Paulo percorreu.
Vs. 15-16 – Paulo desejou que
os colossenses passassem suas saudações à assembleia em Laodiceia, uma vez que
eles estavam próximos – e especialmente a Ninfas que tinham as reuniões da
assembleia em sua casa. Ele também queria que esta epístola fosse lida pela
assembleia de Laodiceia depois de ter sido lida pelos colossenses. E
vice-versa, ele desejava que a carta “que
veio de Laodicéia” fosse lida entre os colossenses porque a substância das
duas cartas era complementar. Por essa razão, muitos instrutores bíblicos
acreditam que a epístola que veio de Laodicéia era a epístola de Paulo aos
Efésios. Mas por que eles teriam a carta para os efésios? F.G. Patterson e
outros explicaram que desde que a epístola aos Efésios não foi dirigida à assembleia em si, mas sim aos “santos” naquela área, era uma carta
circular que deveria ser passada adiante – embora J. N. Darby observe que não
há muita base para apoiar a ideia. (Veja a nota de rodapé[1]
em sua Tradução de Efésios 1:1) Se os laodicenses tivessem prestado atenção à
verdade da epístola aos colossenses, ela os teria preservado do desmoronamento
espiritual naquela assembleia (Ap 3:14-21). Eles se degeneraram a um estado tão
baixo que, em vez de reterem a Cabeça da Igreja, eles O deixaram do lado de
fora de sua porta!
V. 17 – Antes de terminar a
epístola, Paulo dá uma palavra de encorajamento para “Arquipo”. Ele disse: “Atenta
para o ministério que recebeste no Senhor: para que o cumpras”. Supõe-se
que Arquipo era filho de Filemom e Afia já que é mencionado junto com eles em
sua casa (Fm 1-2). Parece que Arquipo era negligente em relação à obra que o
Senhor lhe havia dado a fazer e que ele precisava dessa palavra de
encorajamento. Hoje há muitos homens com dons e capazes na profissão Cristã que
precisam dessa mesma exortação. Em vez de usarem seu dom, eles estão dando
atenção às coisas terrenas e mundanas. Arquipo pode ter se cansado e acabou
ficando desanimado. De qualquer forma, se o Senhor nos deu algo para fazer por
Ele, devemos nos alegrar em fazê-lo (Gl 6:9; 1 Co 15:58). O Senhor nos deu
algum trabalho para fazer por Ele? Então vamos “atentar” para fazer isso.
V. 18 – Paulo encerra a
epístola, acrescentando: “Saudação de
minha mão, de Paulo” Este era um costume seu, uma vez que havia homens que
tinham forjado uma carta afirmando que era dele (2 Ts 2:2). Assinar a epístola
por sua própria mão deu-lhe autenticidade. Este era seu costume (1 Co 16:21; Gl
6:11; 2 Ts 3:17).
[1] N. do
T:. Nota de Rodapé da tradução de J. N. Darby em Efésios 1:1: “Talvez seja interessante mencionar que
embora ‘em Éfeso’ seja achado em quase todas as cópias, muitas autoridades têm
deixado isso de fora. Alguns, sem suficiente fundamento, a têm considerado como
um tipo de circular. Compare Colossenses 4:16”