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sábado, 29 de dezembro de 2018
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quarta-feira, 21 de novembro de 2018
SAUDAÇÕES DE ENCERRAMENTO Capítulo 4:7-18
SAUDAÇÕES DE ENCERRAMENTO
Capítulo 4:7-18
As saudações finais que Paulo
anexa ao corpo da epístola apresentam um belo quadro da graça, da bondade e do
interesse mútuo que existirá no círculo Cristão quando os santos estiverem se
movendo de acordo com a verdade do Mistério. Eles ilustram as condições felizes
de comunhão entre os santos no corpo de Cristo enquanto eles se movem juntos.
Várias pessoas são mencionadas por vários motivos:
Vs. 7-8 – “Tíquico” (At 20:4; Ef 6:21; 2 Tm 4:12;
Tt 3:12) é mencionado primeiro. Foi ele quem levou a epístola aos colossenses.
Epafras poderia ter sido escolhido para fazer isso, sendo que ele era
colossense, mas como ele foi encarcerado com Paulo (Fm 23), não foi possível. Tíquico
também deveria trazer as notícias pessoais sobre o “estado” de Paulo em Roma. Ao mencionar isso, vemos que Paulo sabia
que os santos colossenses estariam interessados em seu bem-estar pessoal, mesmo
que não tivessem visto o rosto dele antes (cap. 2:1). Isso é Cristianismo
normal.
Não se fala muito de Tíquico
nas Escrituras, a não ser o que lemos nesta passagem. Paulo fala de três coisas dele aqui. Ele era “um irmão amado”. Ele era “um ministro fiel”, e ele era “um companheiro no Senhor”. Ter amor e
fidelidade combinados em uma pessoa é uma combinação rara. É um equilíbrio
ideal. Muitas vezes, quando os homens procuram ser fiéis, são inconscientemente
severos e rude. Eles tendem a manifestar pouca preocupação com a paz de espírito dos
santos. Por outro lado, aqueles que são distinguidos pelo amor podem ser corteses à custa da
fidelidade. Nenhum desses extremos caracterizou Tíquico; seu amor não impediu
sua fidelidade. Paulo acrescenta: “para
que saiba do vosso estado e console os vossos corações”. Isso não é se
intrometer nos assuntos alheios, mas a mostra de um genuíno cuidado e
preocupação pelos irmãos. Isso mostra como o amor Cristão se deleita em participar.
V. 9 – “Onésimo” foi um escravo que roubou seu senhor e fugiu. De alguma
forma ele cruzou caminhos com Paulo e a graça de Deus operou em seu coração e
ele foi salvo. (Veja na epístola de Paulo a Filemom a história toda.) Ele era
agora um “fiel e amado irmão” (TB) e
deveria ir com Tíquico a Colossos com a carta a Filemom. Fidelidade e amor pelas
quais ele foi distinguido são as mesmas duas coisas que foram ditas de Tíquico.
No entanto, nada é dito indicando que ele tenha ministrado a Palavra, como foi
o caso de Tíquico. Isto é provavelmente porque ele ainda era muito jovem na fé.
V. 10 – Os próximos três
homens foram convertidos do judaísmo – “a
circuncisão” (v. 11). Eles pediram que Paulo enviasse suas saudações aos colossenses.
O primeiro deles foi “Aristarco”.
Ele era um “macedônio de Tessalônica”,
que veio a Roma com Paulo na viagem memorável que sofreu naufrágio em Melita (At
27:2). A julgar pelo seu nome, ele provavelmente era um prosélito gentio do
judaísmo, mas tendo acreditado no evangelho, ele havia se convertido ao Cristianismo.
Como Tíquico, Aristarco tinha acompanhado Paulo em sua terceira viagem
missionária (At 19:29, 20:4) e foi usado pelo Senhor na pregação e ensino (Fm
24). Em algum momento, ele havia sido preso e encarcerado com Paulo. Assim,
Paulo o chama de “meu companheiro de
prisão” (TB).
“Marcos” (João Marcos – At 12:12), que era “sobrinho de Barnabé”, também enviou suas saudações. Doze anos
antes, ele havia se “apartado” de Paulo
e Barnabé em sua primeira viagem missionária (At 13:13; 15:38), mas tendo
recuperado a confiança do apóstolo, estava mais uma vez servindo com ele. Note
que Marcos não é dito ser um ministro fiel
como eram Tíquico, Onésimo e Epafras. Supomos que isso aconteceu porque ele
falhou em seu serviço com eles e desertou os apóstolos em Perge. Já que os
santos em Colossos provavelmente sabiam do falha de Marcos, Paulo queria que
eles soubessem que ele havia recuperado a confiança dos irmãos e mais uma vez
foi “muito útil” no ministério (2 Tm
4:11). Assim, Paulo recomendou-o aos colossenses para que o recebessem, se ele
fosse para eles. Apesar de ser um servo que havia falhado, Marcos foi levado
mais tarde a escrever o segundo evangelho que retrata o Senhor como o Servo
perfeito. Os “mandamentos [instruções – TB]” aos quais Paulo se
refere são os decretos apostólicos que foram dados aos crentes gentios (At
15:20, 29; 16:4, 21:25).
V. 11 – “Jesus, chamado Justo” também enviou suas saudações. Os santos o
chamavam de “Justo” em vez de Jesus,
porque eles evidentemente acreditavam que o nome de “Jesus” – que é o “nome que é
sobre todo o nome” (Fp 2:9) – deveria ser reservado para só o Senhor. Este
verso levou os irmãos a encorajar aqueles que receberam o nome Jesus por
nascimento a mudarem seu nome por outro quando eles são salvos.
Os irmãos citados acima eram
uma verdadeira “consolação” para
Paulo. A palavra grega traduzida como “consolação” aqui não é encontrada em nenhum
outro lugar nas Escrituras. Isso mostra que Paulo sentiu a perda de sua
liberdade e realmente sentiu falta da comunhão que ele havia desfrutado entre
os irmãos.
Vs. 12-13 – Paulo então envia
saudações de três crentes gentios que estavam com ele em Roma. O primeiro deles
é “Epafras”, que era colossense (“que é dos vossos”). Paulo chama
especial atenção para o fervor desse homem na oração. Ele era um ministro capacitado
da Palavra (cap. 1:7), e em geral acredita-se que foi por meio de seus
trabalhos que a assembleia colossense foi formada. Mas parece que seu maior
ministério foi o da oração. Ao estar em cativeiro com Paulo, ele foi separado
de seus irmãos locais, mas trabalhou em oração pela causa deles. Como
mencionado em nossas observações no capítulo 1:9, talvez o maior serviço que
podemos fazer pelos santos seja orar por eles.
Vemos do modo como Paulo fala
da oração aqui que definitivamente há um conflito espiritual envolvido. Ele diz
que Epafras estava “combatendo sempre [seriamente – JND] por vós em orações”. Na margem da KJV diz “esforçando”. (Veja também o capítulo 1:29-2:1 e Lc 22:44 na
Tradução JND). Há espíritos malignos “nos
lugares celestiais” – a esfera da atividade espiritual – (Ef 6:12) que
trabalham para impedir as orações dos santos (Dn 10:12-13). É por isso que precisamos
perseverar na oração (v. 2).
Epafras cuidou dos colossenses
com “grande zelo”. Assim, ele tinha
o coração de um pastor. O grande objetivo em suas orações era que os santos em
Colossos fossem “perfeitos e completos
em toda a vontade de Deus” (JND). Isto se refere aos santos sendo
estabelecidos na verdade do Mistério. Paulo orou para esse fim também (cap.
1:9). É triste dizer que, apesar das orações e trabalhos de Paulo e Epafras e
outros, os santos colossenses nunca alcançaram este objetivo. Em quatro ou
cinco anos, esses mesmos santos da província da Ásia se afastaram de Paulo e de
sua doutrina (2 Tm 1:15). Eles não se afastaram do Senhor. Eles permaneceram Cristãos,
pois desistir de sua confissão de serem crentes no Senhor Jesus Cristo seria
apostasia; isso nenhum Cristão verdadeiro fará. Mas eles não queriam mais ser
identificados com os ensinamentos de Paulo por causa da reprovação e da
perseguição relacionadas a ele (2 Tm 1:8, 16-18).
O zelo e cuidado de Epafras
não era apenas para seus irmãos locais em Colossos, mas também para “os que estão em Laodiceia (a 15
quilômetros de Colossos) e os de Hierápolis
(a 19 quilômetros de Colossos)”.
Ele sabia que a má doutrina “alastrará
como gangrena” (2 Tm 2:17 – AIBB), e essas assembleias vizinhas também estariam
sob o perigo do ensino místico.
V. 14 - “Lucas, o médico amado”, também enviou suas saudações.
Aparentemente, ele permaneceu com Paulo até o final da vida de Paulo (2 Tm 4:11).
“Demas” cumprimentou-os também. Mas nem uma palavra é dita sobre ele.
Paulo não diz que ele foi amado ou fiel, como ele afirma dos outros. Isso nos
faz pensar se ele estava se afastando em sua alma, e Paulo não tinha nada
louvável a dizer dele. Paulo fala de Demas da mesma forma em sua epístola a Filemon
que acompanhava essa epístola (Fm 24). Tudo o que sabemos é que, da próxima vez
que lemos sobre ele, Paulo diz: “Demas
me desamparou [abandonou – JND],
amando o presente século” (2 Tm 4:10).
Paulo não diz que Demas foi para o “presente
século mau”, uma expressão usada em sua epístola aos gálatas (Gl 1:4).
Isso não significa que Demas saiu e se tornou um devasso, mas que ele adotou
uma forma mundana na sua interpretação dos princípios Cristãos, e isso o levou
a seguir um caminho diferente daquele que Paulo percorreu.
Vs. 15-16 – Paulo desejou que
os colossenses passassem suas saudações à assembleia em Laodiceia, uma vez que
eles estavam próximos – e especialmente a Ninfas que tinham as reuniões da
assembleia em sua casa. Ele também queria que esta epístola fosse lida pela
assembleia de Laodiceia depois de ter sido lida pelos colossenses. E
vice-versa, ele desejava que a carta “que
veio de Laodicéia” fosse lida entre os colossenses porque a substância das
duas cartas era complementar. Por essa razão, muitos instrutores bíblicos
acreditam que a epístola que veio de Laodicéia era a epístola de Paulo aos
Efésios. Mas por que eles teriam a carta para os efésios? F.G. Patterson e
outros explicaram que desde que a epístola aos Efésios não foi dirigida à assembleia em si, mas sim aos “santos” naquela área, era uma carta
circular que deveria ser passada adiante – embora J. N. Darby observe que não
há muita base para apoiar a ideia. (Veja a nota de rodapé[1]
em sua Tradução de Efésios 1:1) Se os laodicenses tivessem prestado atenção à
verdade da epístola aos colossenses, ela os teria preservado do desmoronamento
espiritual naquela assembleia (Ap 3:14-21). Eles se degeneraram a um estado tão
baixo que, em vez de reterem a Cabeça da Igreja, eles O deixaram do lado de
fora de sua porta!
V. 17 – Antes de terminar a
epístola, Paulo dá uma palavra de encorajamento para “Arquipo”. Ele disse: “Atenta
para o ministério que recebeste no Senhor: para que o cumpras”. Supõe-se
que Arquipo era filho de Filemom e Afia já que é mencionado junto com eles em
sua casa (Fm 1-2). Parece que Arquipo era negligente em relação à obra que o
Senhor lhe havia dado a fazer e que ele precisava dessa palavra de
encorajamento. Hoje há muitos homens com dons e capazes na profissão Cristã que
precisam dessa mesma exortação. Em vez de usarem seu dom, eles estão dando
atenção às coisas terrenas e mundanas. Arquipo pode ter se cansado e acabou
ficando desanimado. De qualquer forma, se o Senhor nos deu algo para fazer por
Ele, devemos nos alegrar em fazê-lo (Gl 6:9; 1 Co 15:58). O Senhor nos deu
algum trabalho para fazer por Ele? Então vamos “atentar” para fazer isso.
V. 18 – Paulo encerra a
epístola, acrescentando: “Saudação de
minha mão, de Paulo” Este era um costume seu, uma vez que havia homens que
tinham forjado uma carta afirmando que era dele (2 Ts 2:2). Assinar a epístola
por sua própria mão deu-lhe autenticidade. Este era seu costume (1 Co 16:21; Gl
6:11; 2 Ts 3:17).
[1] N. do
T:. Nota de Rodapé da tradução de J. N. Darby em Efésios 1:1: “Talvez seja interessante mencionar que
embora ‘em Éfeso’ seja achado em quase todas as cópias, muitas autoridades têm
deixado isso de fora. Alguns, sem suficiente fundamento, a têm considerado como
um tipo de circular. Compare Colossenses 4:16”
Resumo da Parte Prática da Epístola Que Resulta na Demonstração de Cristo nos Santos
Resumo da Parte Prática da Epístola Que Resulta na Demonstração de
Cristo nos Santos
O que foi dito até aqui encerra a parte
principal da epístola. Se ela for seguida pelos santos com exercício moral, o
caráter de Cristo será visto em nós. Existem três links no desenvolvimento desta verdade:
- O QUE deve ser manifestado – o caráter de Cristo (cap. 3:12-15).
- COMO deve ser manifestado – por estar cheio de Cristo e Seus interesses em tudo o que falamos e fazemos (cap. 3:16-17).
- ONDE deve ser manifestado – em todas as esferas da vida do crente (caps. 3:18-4: 6).
Cristo Demonstrado na Propagação da Verdade no Mundo
Cristo Demonstrado na Propagação da Verdade no Mundo
Cap. 4:2-6 – Na seção
anterior as exortações eram para grupos específicos de indivíduos, mas agora elas
se ampliam para os crentes em geral. As exortações aqui têm a ver com o apoio
dos santos à divulgação da verdade por meio da oração e da conduta piedosa.
Eles são encorajados a orar pelas coisas em geral, e particularmente pelos
servos do Senhor em seu trabalho de comunicar a verdade, e também que os santos
manteriam um testemunho apropriado para com os perdidos.
Paulo diz: “Perseverai em oração, velando nela com
ação de graças” (v. 2). Muitas vezes oramos por algo, mas desistimos. Isto
não é bom. O Senhor ensinou que os homens devem “orar sempre, e nunca desfalecer” (Lc 18:1). Já foi dito que
precisamos orar tanto quanto precisamos respirar! A alma floresce na atmosfera
de oração, mas definha sem ela. Perseverar na oração não significa que devemos
insistir com Deus em relação a algo que queremos e persistir em pedir até que
Ele nos dê o que estamos pedindo. Isso manifesta um espírito não quebrado que
insiste em ter seu próprio caminho. Se essa é a nossa atitude, para nos ensinar
uma lição, Deus pode nos conceder o nosso pedido, mas enviar magreza às nossas
almas com ele (Sl 106:15). Tiago nos diz que, em todas as nossas orações,
devemos acrescentar: “Se o Senhor quiser”
(Tg 4:15; Mt 26:39). Isso manifesta um espírito de submissão à vontade divina e
um reconhecimento de que, em última análise, queremos a Sua vontade no assunto.
“Velando nela” é observar a resposta
do Senhor aos nossos pedidos de oração. Isso manifesta fé. Fazê-lo “com ação de graças” manifesta
confiança no Senhor. É dizer: “Qualquer coisa o que o Senhor der como resposta
(seja ‘sim’ ou ‘não’), sei que será o melhor para mim, por isso vou me
regozijar e dar graças mesmo antes de Ele fazer Seu pensamento conhecido”.
Como mencionado, mais especificamente,
Paulo desejou as orações dos santos pelo trabalho de divulgar a verdade. Ele
diz: “para que Deus nos abra a porta da
palavra, a fim de falarmos do Mistério de Cristo” (v. 3).
Vs. 5-6 – Quanto à sua
conduta, ele disse: “Andai com sabedoria
para com os que estão de fora, remindo o tempo. [oportunidades – JND] vossa
palavra seja sempre agradável [com
graça – JND], temperada com sal,
para que saibais como vos convém responder a cada um”. Se andarmos com
sabedoria em nossa vida diária, teremos “oportunidades”
de compartilhar o evangelho com os perdidos (“os que estão de fora”). Andar “para
com” implica uma busca genuína de seu bem-estar. Isso abre as portas quando
as pessoas percebem que estamos genuinamente interessadas nelas. “Remindo o tempo” refere-se a libertar
o tempo livre (o significado de resgatar) em nossos horários ocupados para ser
usado no serviço ao Senhor. Paulo fala disso também em Efésios, mas em conexão
com uma esfera diferente (Ef 5:15-21). Colocando as duas referências juntas, vemos
que existem realmente apenas duas esferas de serviço em que devemos usar nosso
tempo:
- Remindo o tempo para ajudar as pessoas da comunidade Cristã (“vós” – Ef 5:19, 21).
- Remindo o tempo para ajudar os que estão fora da comunidade Cristã (“os que estão de fora” – Cl 4:5).
Esses versículos em Colossenses
4 têm a ver com alcançar os perdidos com o evangelho. É significativo que “orar” seja mencionado antes de alcançar “os que estão de fora”. Isso mostra que todo trabalho de
evangelização deve ser feito em clara dependência do Senhor.
“A vossa palavra seja sempre com graça,
temperada com sal” (AIBB) tem
a ver com a forma como nos aproximamos dos outros. Devemos sempre nos comportar
de maneira gentil, cortês e gentil em todas as nossas interações com os homens
do mundo. Isso vai funcionar para ganhá-los para Cristo. Mas nosso discurso
também deve ser “temperado com sal”.
Isso fala de fidelidade. Assim, devemos nos lembrar de ter uma palavra para a
consciência do incrédulo, para que eles possam perceber que eles têm que prestar contas com Deus,
e que eles precisam estar preparados para encontrá-Lo. As consciências dos
incrédulos precisam ser tocadas, mas cortaremos seus ouvidos se os “importunarmos”
o tempo todo. Paulo disse que nosso discurso deve ser temperado aqui e ali com uma palavra fiel às suas consciências.
Podemos ser excessivamente zelosos ao tentar salvar incrédulos e sermos
conhecidos por pressionar demais as consciências dos homens. Isso faz com que as
pessoas percam o interesse
e se afastem. Zelotes como este parecem pensar que este versículo diz: “A vossa palavra seja sempre salgada,
temperada com graça” No entanto, é bem o contrário. As Escrituras indicam
que é possível ter “zelo de Deus, mas
não com entendimento” (Rm 10:2). O zelo é bom, mas precisa ser guiado pelo
conhecimento e sabedoria. Paulo disse aos gálatas: “É bom ser zeloso, mas sempre do bem” (Gl 4:18). Ele acrescenta
aqui: “para que saibais como vos convém
responder a cada um”. Isso implica que, se andarmos em sabedoria para com
os que estão de fora, estimularemos o interesse deles e eles “pedirão” de nós “a razão da esperança que há em nós (1 Pe 3:15). Quando eles têm
esse espírito, podemos apontá-los
para Cristo.
Mestres (cap. 4:1)
Mestres (cap. 4:1)
Por fim, Paulo se dirige aos senhores
Cristãos. Mais uma vez, não lemos sobre ele dizendo-lhes para cessar com o seu
envolvimento na escravidão. Em vez disso, ele os instrui sobre como se
comportar como senhores de uma maneira que honre a Deus. Eles deviam remunerar
seus servos com o que era de “justiça e
equidade” por seus serviços prestados. Os senhores deveriam estar
conscientes de que eles tinham um “Senhor
no céu” para Quem são responsáveis.
Vivendo no mundo ocidental
onde a escravidão tem sido abolida há muito tempo, podemos estar inclinados a
pensar que esta passagem não tem aplicação para nós hoje. No entanto, quando
somos empregados remunerados em alguma firma no local de trabalho, estamos, em
princípio, na mesma posição que esses servos Cristãos. Durante as horas de
nosso emprego em nossas ocupações, prestamos nossos serviços a várias firmas
por salários. Portanto, as orientações dadas aqui aos servidores têm uma
aplicação prática para nós quando estamos empregados no local de trabalho. Da
mesma forma, os empregadores que possuem uma empresa e têm funcionários, em
princípio, estão na posição de senhores, e devem administrar suas empresas de
uma maneira que honre o Senhor.
A história da Igreja revela
que essa orientação foi geralmente aceita pelos escravos Cristãos– a tal ponto
que era bem conhecido no mundo da escravidão que um escravo Cristão tinha um
preço mais alto no leilão. É um tributo à fé Cristã. Deve ser o mesmo hoje;
qualquer empregador que possa contratar um empregado Cristão deve ser grato,
porque o Cristão deve cuidar do negócio de seu patrão com a devida diligência e
tratá-lo como se fosse dele (Ef 6:5-8; 1 Pe 2:18).
Servos (Escravos)
Servos (Escravos)
Esses crentes eram escravos.
A escravidão é algo que Deus nunca pretendeu para o homem; foi introduzido por
homens perversos para propósitos
sem princípios É interessante e instrutivo ver que
em cada epístola de Paulo que trata desse assunto, ele não encoraja os crentes escravos
a fazer um esforço para se livrar de sua situação. Em vez disso, ele diz a eles
como se comportar em sua situação para que o testemunho da graça de Deus no
evangelho seja promovido. Isso porque o Cristianismo não é uma força para
corrigir injustiças sociais no mundo; esse não é o objetivo do evangelho.
Quando o Senhor veio em Sua primeira vinda, Ele não tentou reformar o mundo
retificando seus erros sociais e políticos. Ele fará tudo isso num dia
vindouro, quando intervier em juízo na Sua Aparição. Então toda coisa torta
neste mundo será corrigida (Is 40:3-5). Assim, os Cristãos não foram chamados
para acertar o mundo, mas para esperar pelo dia vindouro. Devemos deixar o
mundo como está e anunciar o evangelho que chama os homens do mundo para o céu.
Não há, portanto, nenhuma orientação nas epístolas para os Cristãos corrigirem
os erros da escravidão, ou qualquer outra injustiça social no mundo. Isto é
porque estamos “no” mundo, mas não somos
“do” mundo (Jo 17:14). O Senhor
disse que se o Seu reino fosse “deste
mundo”, então Seus servos lutariam nessas causas (Jo 18:36). Mas, como não
é esse o caso, devemos “deixar o caco se
esforçar com os cacos da Terra” (Is 45:9 – JND).
Paulo sabia como era
importante para os Cristãos manter um bom testemunho diante do mundo. Sua
grande preocupação para os servos Cristãos era que eles se comportassem de uma
maneira correta, de modo que “o nome de
Deus e a doutrina não sejam blasfemados” (1 Tm 6:1). Esses crentes escravos
não deveriam fugir (como Onésimo fez antes de ser salvo – Fm 15), mas
permanecer em sua posição de vida e glorificar a Deus diante de seus senhores
tratando-os com respeito genuíno, e não “servindo
só na aparência, como para agradar aos homens”. Se eles servissem com “em simplicidade de coração, temendo a Deus”,
isto prestaria um poderoso testemunho da realidade de sua fé em Cristo. Assim,
eles deveriam trabalhar para seus mestres “de
todo o coração, como ao Senhor”, pois, na realidade, eles estavam servindo “a Cristo, o Senhor”. Isso mostra que,
independentemente de onde um crente está em seu status social na sociedade, ele
ainda tem uma oportunidade. para testemunhar por Cristo. Nem todos podemos ser
missionários, mas todos podemos compartilhar o evangelho com aqueles a quem
interagimos em nossa vida diária e, assim, servir ao Senhor dessa maneira.
Para encorajar estes servos
nisso, Paulo lembra-lhes que o Senhor estava tomando nota de tudo o que eles
fizeram, e que Ele iria “galardoá-los”
num dia vindouro com a posse da “herança”.
Que inversão estava vindo para estes crentes escravos! Eles tinham bem poucos
bens neste mundo – eles não podiam possuir propriedade, etc. – mas eles estavam
destinados a serem co-herdeiros com Cristo sobre a herança de todas as coisas
criadas no universo!
Cristo Demonstrado no Local de Trabalho
Cristo Demonstrado no Local de Trabalho
Cap. 3:22-25 – A próxima
esfera de responsabilidade que Paulo aborda é o local de trabalho, onde os
servos e senhores têm seus respectivos papéis.
Pais (v. 21)
Pais (v. 21)
Os pais não devem fazer
exigências injustificadas a seus filhos, por meio das quais os “irritam” e eles acabam “perdendo o ânimo”. Isso é dito aos
pais, mas não às mães, porque os pais têm uma tendência maior a fazer
exatamente isso.
Crianças (v. 20)
Crianças (v. 20)
As crianças devem entender
que quando elas “obedecem” aos pais,
estão fazendo algo que é “agradável ao
Senhor”. Obedecer “em tudo”
significa até mesmo em coisas que elas possam não gostar de fazer. Novamente,
se as crianças souberem e tiverem certeza de que são amadas por seus pais, isso
ajudará grandemente em sua disposição de obedecer. É bom notar que a palavra “pais” está no plural. Isso reprime a
tendência das crianças obedecerem a um dos pais e não ao outro – talvez ao pai,
mas não tanto à mãe. Os pais sendo plurais também sugerem que são um em seus
desejos para com as crianças e que estão puxando-as na mesma direção.
Maridos (v. 19)
Maridos (v. 19)
O marido Cristão deve “amar” sua esposa. Ele deve não apenas
iniciar o amor no relacionamento, mas também é ele quem deve mantê-lo. Quando
uma mulher Cristã sabe que é amada pelo marido, isso vai ajudá-la muito a se
submeter a ele. Se um marido “se irrita
contra ela [a trata com amargura
– ARA]”, como Paulo adverte contra,
isso só tornará o casamento mais difícil.
Esposa (v. 18)
Esposa (v. 18)
A esposa Cristã deve “estar sujeita” ao marido, não porque o
marido insiste nisso, mas porque isso “convém
ao Senhor”. Isso expressa o lugar em que a Igreja foi estabelecida em
relação a Cristo (Ef 5:22-24). Um motivo para sua submissão pode muito bem ser
seu amor pelo marido – e isso, é claro, é bom. Mas como uma mulher Cristã sob o
Senhorio de Cristo, ela tem um motivo maior para sua submissão – ela se submete
porque é o que o Senhor quer que ela faça. Uma vez que toda esposa Cristã, em
condições normais, quer agradar ao Senhor, ela deve ser feliz em fazê-lo, pois
é a vontade de Deus.
Note que Paulo não diz que a esposa deve obedecer ao
marido, como as crianças e os servos devem fazer. Isso é porque ela não tem o
mesmo relacionamento com o cabeça da família que os filhos e servos têm. Se a
obediência for exigida da esposa, isso tornaria o relacionamento em um
casamento Cristão uma coisa legal. A submissão é diferente de obediência. É
algo que vem do coração, enquanto que na obediência o coração da pessoa pode
estar longe do ato de obedecer. Além disso, se problema entra no relacionamento
do casamento, a submissão pode curar muitas das dificuldades que surgem. J. N.
Darby disse: “A submissão é o princípio curativo da humanidade”.
Ocupar um lugar de submissão
no relacionamento conjugal implica que ela não deve tomar o papel da liderança
ou usurpar a autoridade do marido em casa.
Cristo Demonstrado no Círculo Familiar
Cristo Demonstrado no Círculo Familiar
Cap. 3:18-21 – Paulo fala
primeiro do círculo familiar. As relações de maridos e esposas, pais e filhos
não surgiram com a introdução do Cristianismo – essas relações remontam ao
começo da existência do homem. Mas o que o Cristianismo trouxe para a vida
familiar é o Senhorio de Cristo como sendo o novo fator motivador de todo
comportamento correto nessas relações. Isto é indicado nesta próxima passagem
pelo uso frequente do termo – “o Senhor”.
Ele eleva todo o assunto a um plano mais elevado do que era conhecido nos
tempos do Velho Testamento.
É apropriado que Paulo se dirija
primeiro à unidade familiar, pois é um alvo primordial do inimigo. A
desintegração da vida familiar é uma das coisas que marca “os últimos dias” no testemunho Cristão (2 Tm 3:1-2). Mas isso não
precisa ser assim. Se seguirmos os princípios básicos que Paulo aborda nesses
versículos a respeito do amor, da submissão e do Senhorio de Cristo, seremos
capazes de enfrentar e derrotar todos os desígnios do inimigo contra a família.
Ele mostra que há certas obrigações e responsabilidades na vida doméstica, e
quando essas coisas são aplicadas, o lar Cristão andará de acordo com a ordem
de Deus e terá Sua bênção e proteção das incursões do inimigo.
RELAÇÕES TERRENAS ONDE CRISTO DEVE SER MANIFESTADO Capítulo 3: 18–4:6
RELAÇÕES TERRENAS ONDE CRISTO DEVE SER MANIFESTADO
Capítulo 3: 18–4:6
Nesta próxima seção, Paulo
mostra que uma manifestação do caráter de Cristo deve ser vista em todos os
aspectos de nossas vidas – no círculo familiar, em nossa vida profissional e no
alcance dos perdidos no mundo. Em cada relacionamento e em cada esfera, aqueles
que estão em sujeição são tratados primeiro. A esposa é exortada antes de o
marido, os filhos antes dos pais e os servos antes dos senhores.
O Poder Espiritual Para Agir de Acordo com a Verdade
O Poder Espiritual Para Agir de Acordo com a Verdade
Vs. 16-17 – Paulo nos exortou
a vestir as características morais do novo homem, mas a questão é: “Como?” Ele
prossegue abordando isso a seguir. Alguns dirão que devemos cultivar as graças Cristãs
fazendo um esforço para agir como Cristo em todas as situações da vida. No
entanto, Paulo não indica que essas coisas são colocadas por qualquer esforço
consciente do crente. Antes, ele diz: “A
palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos
e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais;
cantando ao Senhor com graça em vosso coração E, (tudo) quanto fizerdes por
palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças
a Deus Pai”. Ele fala de duas
coisas aqui: a necessidade de nos enchermos com as coisas de Cristo pelas várias
maneiras que Paulo estabelece, e estarmos engajados com as coisas da vida que
podem ser feitas para a glória de Cristo. Quando estamos ocupados com essas
coisas, as características morais de Cristo serão formadas em nós pelo Espírito
com bastante naturalidade (2 Co 3:18). Da mesma forma, uma árvore produz frutos
como resultado natural do sistema radicular absorvendo água e nutrientes do
solo. É verdade que devemos nos exercitar “piedade”
(1 Tm 4:7), mas isso é feito agindo sobre o próprio princípio que Paulo aborda
aqui – estando cheio das coisas de Cristo. A atual produção de “fruto” se dá em nós pelo Espírito
quando estamos ocupados com Cristo e Seus interesses (Gl 5:22-25).
“A Palavra de o Cristo”[1] (JND) é a verdade que pertence especificamente
a Cristo e à Igreja. Isto é indicado na expressão “o Cristo” que denota a união mística da Cabeça com os membros do
corpo (1 Co 12:12-13). “Sabedoria, ensino e admoestação” são instruções
específicas relativas à colocação dessa verdade em prática.
“Salmos, hinos, cânticos espirituais” são três tipos de composições Cristãs que
expressam pensamentos e sentimentos espirituais em relação ao Senhor, à verdade
e ao caminho em que trilhamos. “Salmos”
não são, como alguns pensam, os Salmos do Velho Testamento. Estas são
composições baseadas em experiências Cristãs pelas quais os santos passaram,
caminhando com o Senhor. Se fossem os salmos do Velho Testamento, o Espírito de
Deus teria acrescentado o artigo “os”
como em Lc 24:44[2]
e At 13:33. Os Salmos do Velho Testamento são composições judaicas expressando
sentimentos e experiências judaicas; elas não têm um caráter Cristão e não
transmitem adequadamente o conhecimento e sentimento Cristão. Por exemplo, o
nome do Pai, que é característico do Cristianismo, não é conhecido neles.
Portanto, a vida eterna não está em vista nos Salmos (Jo 17:3). Além disso, o
conhecimento da obra consumada de Cristo não é conhecida pelos escritores dos
Salmos, nem a aceitação do crente em Cristo diante de Deus por meio da
habitação do Espírito. Os Salmos do Velho Testamento não retratam os
sentimentos de quem tem uma consciência purificada e conhece a paz com Deus.
Consequentemente, eles são compostos com um elemento de medo do julgamento de
Deus, mesmo que eles tenham fé. Além disso, a esperança nos Salmos não é o céu,
mas viver na Terra no reino do Messias de Israel (Sl 25:13, 37:9, 11, 29, 34,
etc.). A adoração é também de uma ordem judaica em um templo terrestre; o lugar
da adoração de um Cristão dentro do véu é totalmente desconhecido. Além disso,
o clamor em muitas das orações nos Salmos é por vingança contra seus inimigos,
que não é a atitude de um Cristão que abençoa aqueles que o amaldiçoam e ora
por aqueles que os tratam injustamente. Os Cristãos podem lê-los e obter um
entendimento das circunstâncias do remanescente judaico na Tribulação vindoura,
e também obter conhecimento dos princípios morais de Deus neles que são
aplicáveis aos santos de todas as épocas, e assim receber consolo e esperança
em suas circunstâncias da vida.
“Hinos” são composições que expressam adoração e se dirigem diretamente a
Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo. Estes podem tomar a forma de orações. “Canções espirituais” são composições
que contêm verdades espirituais de acordo com a revelação Cristã pelas quais
somos instruídos e exortados no caminho Cristão. Eles podem estar na forma de “ensino” a nós sobre algum aspecto da
verdade do Novo Testamento, ou de “admoestação”
quanto a algum ponto prático da vida Cristã.
Quando estamos imersos nessas
coisas espirituais que têm a ver com Cristo, o poder do Espírito será evidente
em nossa vida, e Cristo será visto em nós.
[1] “O Cristo” é uma expressão nos escritos de Paulo que se
refere à união mística de Cristo, a Cabeça, e os membros do Seu corpo, pela
habitação do Espírito Santo (1 Co 12:12-13 – JND).
[2] N. do T.: Em algumas versões
em português a palavra “nos” está grafada em itálico, significando que não se
encontra nos manuscritos.
Cristo Visto no Crente
Cristo Visto no Crente
Vs. 12-15 – Passando à
aplicação prática disso, Paulo diz: “Revesti-vos
pois, como eleitos de Deus, santos, e amados, de entranhas de misericórdia, de
benignidade, humildade, mansidão, longanimidade. Suportando-vos uns aos outros,
e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro: assim como
Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de
caridade [acrescentai o amor –
JND], que é o vínculo da perfeição. E a
paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos
corações; e sede agradecidos”. Isso mostra que, desde que nos vestimos do
novo homem, nossa vida deve manifestá-lo praticamente. Assim, outra peça de
roupa, por assim dizer, é para ser “revestida”
que manifesta o caráter do novo homem. Essa mudança de caráter é ilustrada
tipicamente em Elias e Eliseu. Elias é um tipo de Cristo que foi elevado ao céu
e Eliseu é um tipo de crente. Os filhos dos profetas disseram sobre Eliseu: “O espírito de Elias repousa sobre Eliseu”
(2 Rs 2:15). Ele havia rasgado suas próprias vestes e colocado as vestes de Elias,
e ao fazê-lo, não teve mais uso para o manto velho, por isso foi deixado de
lado.
“Santos e amados” é o que os santos estão diante de Deus. Paulo então lista dez características morais do novo
homem, que é como os santos devem ser vistos diante do mundo. Essas coisas são
as características morais de Cristo. Quando elas são vistas nos santos enquanto
se movem juntos coletivamente, a verdade de “Cristo em vós, a esperança da glória” será exibida diante do mundo
(cap. 1:27):
- “Compaixão” (Mt 14:14; Mc 1:41).
- “Bondade” (Ef 4:32).
- “Humildade” (Mt 11:29).
- “Mansidão” (Mt 11:29).
- “Longanimidade” (Hb 12:3).
- “Paciência” (Mt 26:63; Jo 19:9).
- “Perdão” (Lc 23:34).
- “Amor” (Jo 13:1).
- “Paz” (Jo 14:27).
- “Gratidão” (Mt 11:25).
Em meio a todos esses traços
maravilhosos de Cristo, Paulo diz: “E,
sobre tudo isto, revesti-vos de caridade [acrescentai o amor – JND],
que é o vínculo da perfeição” (v. 14). Este é o cinto, por assim dizer, que
mantém a nova vestimenta no lugar.
Nós podemos ver porque essa
passagem tem sido frequentemente chamada de “o Vestiário do Cristão”. Ela tem a
ver com mudança de caráter. Como mencionado, é o antítipo de Israel
circuncidando-se em Gilgal. Ao fazê-lo, o Senhor tirou “o opróbrio do Egito” de sobre eles (Js 5:9). Da mesma forma,
quando uma pessoa vem a Cristo pela primeira vez, ele carrega as marcas de sua
vida no mundo, das quais o Egito é um tipo. Mas, ao passar pelo exercício deste
capítulo de desvestir aquela roupa velha e vestir a nova, ele não é mais
marcado pelas coisas de sua antiga vida. A vergonha e a reprovação acabaram
porque houve uma mudança de caráter.
Como o novo homem é conformado
segundo “a imagem daqu’Ele que o criou”,
sendo parte da raça da nova criação, somos plenamente capazes de representar a
Deus neste mundo.
O Novo Homem
O Novo Homem
Vs. 10-15 – Tendo declarado o
lado negativo das coisas, Paulo continua a dar o lado positivo em conexão com o
novo homem. Ele diz: “tendo colocado o
novo (homem), renovado para o pleno conhecimento de acordo com a imagem daqu’Ele
que o criou, onde não há grego e judeu, circuncisão e incircuncisão, bárbaro,
cita, escravo, livre; mas Cristo é tudo e em todos” (JND). Assim como o desvestir
do velho homem, o vestir do novo homem é uma coisa que foi feita quando uma
pessoa assumiu a posição Cristã. As exortações práticas que se seguem nos
versículos 12-15 baseiam-se neste fato.
O “novo homem”, como o velho homem, é um termo abstrato. Indica a
perfeição moral na raça da nova criação sob Cristo. Enquanto o velho homem é
caracterizado por ser “corrupto” e “enganoso”, o novo homem é
caracterizado por “justiça” e “santidade” (Ef 4:22-24). O novo homem foi
visto pela primeira vez “em Jesus” (Ef
4:21). Isto é, os homens viram pela primeira vez essa perfeição moral quando o
Senhor Jesus andou aqui neste mundo. (“Jesus”
é o nome de Sua Humanidade.) Assim como o velho homem não é Adão pessoalmente,
o novo homem não é Cristo pessoalmente. G. Davison disse: “O novo homem não é Cristo pessoalmente, mas é Cristo
caracteristicamente” (Precious Things,
vol. 3, pág. 260). Como mencionado anteriormente, o novo homem é frequentemente
confundido com a nova vida e natureza no crente. As pessoas dirão erroneamente:
“O novo homem em nós precisa se alimentar de Cristo”. Ou: “Nosso novo homem
precisa de um objeto – Cristo”. Seria mais correto dizer que a nova vida em nós precisa se alimentar de
Cristo.
V. 11 - Paulo menciona quatro coisas que marcam a antiga ordem
de criação que não fazem parte da nova ordem de criação:
- “grego e judeu” – sem distinções nacionais.
- “circuncisão e incircuncisão” – sem distinções religiosas.
- “bárbaro, cita” – sem distinção intelectual.
- “servo nem livre” – sem distinções sociais.
Assim, as distinções de raça,
religião, cultura e classe são todas superadas na nova posição do crente em
Cristo, a Cabeça da nova criação. Acrescentando, “Cristo é todas as coisas e em todos” (JND), Paulo estava indicando
que tudo na nova ordem de vida em Cristo toma o caráter d’Ele, pois Ele é o
Cabeça da nova raça (Ap 3:14). Ele é “tudo
e em todas as coisas” (Cl 3:11 – TB).
O Velho Homem
O Velho Homem
Assim, nesta próxima série de
versículos, Paulo faz uma aplicação prática referente a essa mudança de caráter
baseada no “velho homem” (v. 9) e no
“novo homem” (v. 10). Este é um
assunto que não é bem entendido. Esses dois termos não se referem à carne e à nova natureza, como normalmente se pensa,
mas são expressões abstratas que indicam o estado corrupto da raça caída de
Adão e a nova ordem moral na raça da nova criação sob Cristo. O velho homem não
se refere a Adão pessoalmente, mas ao que é característico
da raça caída da qual ele é a cabeça. É a corporificação de cada característica
horrenda e pecaminosa que marca aquela raça. Para se enxergar o velho homem adequadamente,
devemos olhar para a raça como um todo, pois é improvável que qualquer pessoa
seja marcada por todos os recursos que caracterizam esse estado corrupto. Por
exemplo, uma pessoa pode ser caracterizada por ser irada e enganadora, mas pode
não ser imoral. Outra pessoa pode não ser conhecida por perder a paciência, nem
por ser enganosa, mas ele é terrivelmente imoral. No entanto, considerando a raça
como um todo, vemos uma personificação de todas
as horrorosas características que compõem o velho homem.
Esse estado corrupto foi
condenado por Deus na cruz (Rm 6:6, 8:3) e é algo que é deixado de lado pelo
crente quando ele é salvo. Ele pode não estar consciente de o ter feito à
época, mas ao tomar a posição Cristã, o crente, por sua profissão de fé,
dissocia-se daquele estado corrupto, pois aquilo não faz parte do que constitui
um Cristão. Portanto, como Cristãos, não estamos mais associados a esse antigo
estado corrupto. Este desvestir-se é afirmado no tempo verbal aoristo[1]
em grego, que se refere a ter feito isso de uma vez por todas. A KJV e as
versões em português equivocadamente apresentam Efésios 4:22 como uma
exortação, fazendo do desvestir-se do velho homem algo que devamos fazer em
nossas vidas diariamente. Mas a passagem deveria dizer: “havendo se desvestido conforme o comportamento anterior, do velho
homem ...” (JND) Isso mostra que o desvestir-se do velho homem é algo que já
foi feito na vida do crente e que as exortações seguintes dirigidas a ele na
passagem são baseadas nesse fato.
Como mencionado, o “homem velho” é frequentemente
confundido com a velha natureza (a carne). Este é um equívoco generalizado
entre os Cristãos. Eles dirão coisas como: “O velho homem em nós deseja coisas
que são pecaminosas”. Ou: “Nosso velho homem quer fazer esta ou aquela coisa
má”. Essas afirmações estão confundindo o velho homem com a carne. As
Escrituras não usam o termo dessa maneira. J. N. Darby observou: “O velho homem
está habitualmente sendo usado para a carne incorretamente” (Food for the Flock, vol. 2, pág. 286).
Uma diferença é que do velho homem nunca é dito estar em nós, enquanto a carne certamente é. F. G. Patterson disse: “Nem
eu acho que as Escrituras nos permitirão dizer que temos o velho homem em nós – enquanto ensina da maneira mais
plena que temos a carne em nós” (A Chosen Vessel, pág. 51). Portanto, não
é correto se referir ao velho homem como algo que vive em nós com apetites,
desejos e emoções, assim como a carne. H. C. B. G. disse: “Eu sei o que
significa um Cristão que perde a paciência e diz que é ‘o velho homem’, mas a
expressão está errada. Se ele dissesse que era ‘a carne’, ele teria sido mais
correto” (Food for the Flock, vol. 2,
pág. 287). Além disso, se o velho homem fosse a carne, então Efésios 4:22-23
(na KJV e nas versões em português) estaria nos dizendo que precisamos nos
desvestir da carne! Isso é algo que nenhum Cristão pode fazer enquanto vive
neste mundo. Isso não vai acontecer até que morramos ou quando o Senhor vier.
Portanto, não há exortações
nas Escrituras para se desvestir do velho homem. Há, no entanto, exortações
para se desvestir das coisas que caracterizam
o velho homem. Assim, Paulo diz: “Mortificai
[Colocai na morte – JND], pois, os vossos membros que estão sobre a
Terra: a fornicação, a imundícia, a paixão [vil], a má concupiscência e a
avareza, que é idolatria” (v. 5 – TB). Essas mais grosseiras manifestações
da carne eram comuns no mundo pagão, mas não têm lugar na vida Cristã. O fato
de que há uma exortação desse tipo para os crentes mostra que quando uma pessoa
é convertida, sua antiga natureza pecaminosa não é erradicada.
Os Cristãos não são chamados a “mortificar” seus corpos, mas antes a mortificar “as obras” da carne que se manifestam
em seus corpos (Rm 8:13). Ao usar a palavra “mortificar [colocar na
morte – JND]”, vemos a
necessidade de lidar com esses pecados de forma sem misericórdia. F. B. Hole
disse: “Colocar a morte é uma
expressão forte e compulsória. Nossa tendência é negociar com essas coisas, e
às vezes até brincar com elas e fazer provisões para elas. Nossa segurança, no
entanto, está numa ação de forma implacável. Com espada à mão, por assim dizer,
devemos nos encontrar com elas sem qualquer ideia de mostrar-lhe misericórdia. Nós
deveríamos encontrá-las da mesma maneira de Samuel ao despedaçar Agague perante
o Senhor” (Paul’s Epistles, vol. 2, pág.
106). Usando novamente o ensinamento típico na jornada de Israel à Canaã, o que
é descrito aqui em Colossenses 3, corresponde a Gilgal – o lugar onde Israel
cortou sua carne pela circuncisão (Js 5). Isso tipifica o exercício do crente
de cortar as manifestações da carne por meio do julgamento próprio.
Note também que Paulo não
estava falando de mortificar os “membros”
de nossos corpos literalmente – o desmembramento de nossas mãos, pés, etc. Ele
estava usando a palavra de maneira figurativa para descrever o exercício de
julgar a carne e mantê-la no lugar de morte. para que essas coisas corruptas
não se manifestassem em nossos membros. Mortificar nossos membros não é feito
com resoluções, jejuns, privando o corpo de confortos naturais, etc. Nunca nos
é dito para nos crucificarmos ou lutarmos contra a carne para mantê-la na linha
– essas coisas levam à derrota. Nós devemos colocar estas coisas na morte assim
que sejam concebidas (Tg 1:15).
Entre esses horríveis
distúrbios morais, Paulo menciona “avareza,
que é idolatria”. A avareza é permitir que o desejo por algo tenha um indevido
lugar em nossos corações que desloca Deus, e qualquer coisa que desloque Deus
em nossas afeições é um ídolo.
Vs. 6-7 – Os homens acham que
podem cometer esses pecados e escapar do julgamento de Deus, mas Paulo diz que “vem a ira de Deus sobre os filhos da
desobediência”, que sentem prazer nesses pecados. Este julgamento é
governamental (enquanto vivem neste mundo) e eterno (quando saem deste mundo).
Vs. 8-9 – Mas há outras
coisas, além daquelas mencionadas no versículo 5, que são do velho homem e que
também devemos nos desvestir delas. Paulo diz: “Mas agora despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia,
da maledicência [blasfêmia - JND], das palavras torpes da vossa boca. Não
mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus
feitos”. “Despojar” está no
tempo verbal aoristo do grego. Nós uma vez vivemos envolvidos nessas coisas
como uma roupa vestida sobre nós. Quando os homens olhavam para nós, era isso
que eles viam – uma “roupa manchada da
carne” (Jd 23). Ao ser salvo, isso não desse ser visto nunca mais. Assim, a
roupa antiga deve ser desvestida, e essa é a essência da exortação de Paulo
aqui. Vamos repetir, o exercício não é desvestir o velho homem – isso já foi
feito – mas desvestir o caráter
pecaminoso do velho homem.
[1] N. do T.: A palavra grega Aoristo significa sem limite. Numa tradução mais livre, significa indefinido ou indeterminado. Indica uma ação que ocorreu pontualmente em algum
momento do passado, sem relacioná-la com o presente. A ação ocorre uma única
vez, de uma vez por todas.
Uma Mudança de Caráter
Uma Mudança de Caráter
Vs. 5-17 – Ser introduzido na
vida de cima com Cristo exige que nossa velha vida que uma vez vivemos em
nossos dias antes da conversão, vá embora. A razão é simples: as duas não podem
continuar juntas na vida de um Cristão. Assim, o que se segue neste terceiro
capítulo é o exercício de desvestir o caráter
da velha vida e colocar o caráter da
nova, de modo que o objetivo divino de ter uma reprodução de Cristo manifestada
nos santos seria alcançado (cap. 1:27).
O Efeito Prático de Estar Ressuscitado Com Cristo
O Efeito Prático de Estar Ressuscitado Com Cristo
Capítulo 3:1-4 – A
contrapartida da identificação do crente com a morte de Cristo é a
identificação do crente com a ressurreição de Cristo. Paulo aborda isso em
seguida. No capítulo 2, ele mostrou que o efeito prático de nossa morte com
Cristo nos desconecta do mundo do homem, da sabedoria do homem e da religião do
homem. Ele agora mostra que o efeito prático de nossa identificação com a
ressurreição de Cristo é nos associar com o mundo de Deus acima e com tudo o
que está lá. Por isso, o capítulo 2:20-23 apresenta o lado negativo dessa
grande verdade e o capítulo 3:1-4 dá o lado positivo. A grande diferença entre
os dois é que, do lado positivo, temos um objeto diante de nós – Cristo.
Paulo diz: “Se (já que), ressuscitastes com Cristo [o
Cristo – JND], buscai as coisas que
são de cima, onde Cristo [o Cristo
– JND] está assentado à destra de Deus.
Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da Terra Porque já estais
mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo [o Cristo – JND] em Deus”.
Visto que é verdade que estamos identificados com Cristo em Sua ressurreição,
devemos buscar as coisas que estão em Cristo nas alturas. Pode ser perguntado: “O
que exatamente são ‘as coisas que são de
cima’”? São as nossas bênçãos celestiais e privilégios que foram
assegurados para nós pela morte, ressurreição e ascensão de Cristo. Em Cristo
ressuscitado, fomos introduzidos em uma esfera de coisas totalmente nova que
veio à existência por meio do Seu ser glorificado e assentado à destra de Deus.
Essas coisas não existiam enquanto Cristo estava na Terra.
F. B. Hole explicou o que significa
“pensai nas coisas que são de cima”.
Ele disse: “Colocamos nossas mentes nas coisas do alto, não repousando em
poltronas e entregando-nos a sonhos e imaginações místicas quanto às coisas que
podem estar no céu, mas colocando nossa mente supremamente sobre Cristo e
buscando em todas as coisas a promoção dos interesses do céu. O embaixador
britânico em Paris coloca sua mente nas coisas britânicas buscando pelos interesses
britânicos nas circunstâncias francesas, e não permanecendo sentando para
tentar relembrar como é o cenário britânico” (Paul’s Epistles, vol. 2, pág. 105-106). Assim, o Cristão cuja mente
está fixada nas coisas celestiais está ocupado na Terra perseguindo os
interesses celestiais de Cristo. Essas coisas seriam: espalhando o evangelho,
aprendendo e ensinando a verdade, pastoreando o povo de Deus, etc. A pessoa que
está envolvida nisso tem colocado sua mente nas coisas de cima, porque esses
interesses estão centrados em Cristo acima e têm seu objetivo final em Cristo
acima.
É verdade que temos que
suprir nossas necessidades temporais por meio de ocupação secular, mas não
precisamos colocar nossas afeições nessas responsabilidades terrenas. O perigo
para nós é sermos absorvidos pelas coisas terrenas. Daí vem a admoestação de
Paulo para colocar nossa mente nas coisas de cima, e “não nas que são da Terra”. Ele acrescenta: “porque já estais mortos”. Ao dizer isso, Paulo não estava
ensinando que o Cristão está morto para a natureza – isto é, para as coisas
naturais desta criação. O crente está morto para o pecado e para o mundo, mas
quando se trata de coisas naturais, Deus “abundantemente
nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (1 Tm 6:17). Portanto, são
coisas carnais e mundanas na Terra para as quais o crente está morto, não
coisas naturais.
Paulo então diz aos colossenses
que eles não devem esperar que o mundo entenda sua busca pelas coisas
celestiais, porque a vida do Cristão está “escondida
com Cristo em Deus” (v. 3). De quem é esta vida escondida? Está escondida
dos homens do mundo. Os homens deste mundo não entendem os Cristãos, no que diz
respeito às nossas fontes e motivos internos. Eles não conseguem entender por
que vivemos da maneira como vivemos e as coisas pelas quais vivemos – não faz
sentido para eles. O homem incrédulo do mundo vive e se move e tem todos os
seus pensamentos sobre as coisas temporais desta Terra; ele acha que todos
deveriam fazer o que ele faz. Quando ele vê um Cristão “marchando ao ritmo de
um tambor diferente”, é um total enigma para ele.
Ter uma vida oculta com Cristo
no sentido em que Paulo fala aqui não significa que nos escondemos do mundo
literalmente. Sequestrarmos a nós mesmos em nossas moradias e, como monges,
vivermos uma vida isolada seria contraproducente para nosso testemunho Cristão.
Pelo contrário, o povo de Deus deve ser “a
luz do mundo” e como “uma cidade
edificada sobre um monte” que “não se
pode esconder” e, portanto, deve ser um testemunho claro e brilhante
perante o mundo (Mt 5:14). O principal direcionamento desta epístola aos colossenses
é fazer com que os santos se movam juntos na Terra de tal maneira que haja uma manifestação
diante do mundo da verdade do Mistério, que é: “Cristo em vós, a esperança da glória” (cap. 1:27).
Paulo conclui dizendo: “Quando Cristo que é a nossa vida, Se
manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória” (v. 4).
Ele traz isto para mostrar que há um dia se aproximando quando Cristo e a
Igreja serão manifestados diante do mundo inteiro (2 Ts 1:10), e naquele tempo
será revelado diante de todos o que a fé levou os crentes a fazerem. neste dia.
A revelação daquele dia explicará para o que temos vivido neste dia (Jo 17:23).
Da mesma forma, Paulo tinha apenas dois dias diante dele em sua vida e serviço:
“dia de hoje” (At 20:26) e “aquele dia” (2 Tm 1:12, 18, 4:8). Ele
viveu sua vida neste presente dia da graça em vista do dia da manifestação – e nós
também devemos fazê-lo.
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