O Efeito Prático de Estar Ressuscitado Com Cristo
Capítulo 3:1-4 – A
contrapartida da identificação do crente com a morte de Cristo é a
identificação do crente com a ressurreição de Cristo. Paulo aborda isso em
seguida. No capítulo 2, ele mostrou que o efeito prático de nossa morte com
Cristo nos desconecta do mundo do homem, da sabedoria do homem e da religião do
homem. Ele agora mostra que o efeito prático de nossa identificação com a
ressurreição de Cristo é nos associar com o mundo de Deus acima e com tudo o
que está lá. Por isso, o capítulo 2:20-23 apresenta o lado negativo dessa
grande verdade e o capítulo 3:1-4 dá o lado positivo. A grande diferença entre
os dois é que, do lado positivo, temos um objeto diante de nós – Cristo.
Paulo diz: “Se (já que), ressuscitastes com Cristo [o
Cristo – JND], buscai as coisas que
são de cima, onde Cristo [o Cristo
– JND] está assentado à destra de Deus.
Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da Terra Porque já estais
mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo [o Cristo – JND] em Deus”.
Visto que é verdade que estamos identificados com Cristo em Sua ressurreição,
devemos buscar as coisas que estão em Cristo nas alturas. Pode ser perguntado: “O
que exatamente são ‘as coisas que são de
cima’”? São as nossas bênçãos celestiais e privilégios que foram
assegurados para nós pela morte, ressurreição e ascensão de Cristo. Em Cristo
ressuscitado, fomos introduzidos em uma esfera de coisas totalmente nova que
veio à existência por meio do Seu ser glorificado e assentado à destra de Deus.
Essas coisas não existiam enquanto Cristo estava na Terra.
F. B. Hole explicou o que significa
“pensai nas coisas que são de cima”.
Ele disse: “Colocamos nossas mentes nas coisas do alto, não repousando em
poltronas e entregando-nos a sonhos e imaginações místicas quanto às coisas que
podem estar no céu, mas colocando nossa mente supremamente sobre Cristo e
buscando em todas as coisas a promoção dos interesses do céu. O embaixador
britânico em Paris coloca sua mente nas coisas britânicas buscando pelos interesses
britânicos nas circunstâncias francesas, e não permanecendo sentando para
tentar relembrar como é o cenário britânico” (Paul’s Epistles, vol. 2, pág. 105-106). Assim, o Cristão cuja mente
está fixada nas coisas celestiais está ocupado na Terra perseguindo os
interesses celestiais de Cristo. Essas coisas seriam: espalhando o evangelho,
aprendendo e ensinando a verdade, pastoreando o povo de Deus, etc. A pessoa que
está envolvida nisso tem colocado sua mente nas coisas de cima, porque esses
interesses estão centrados em Cristo acima e têm seu objetivo final em Cristo
acima.
É verdade que temos que
suprir nossas necessidades temporais por meio de ocupação secular, mas não
precisamos colocar nossas afeições nessas responsabilidades terrenas. O perigo
para nós é sermos absorvidos pelas coisas terrenas. Daí vem a admoestação de
Paulo para colocar nossa mente nas coisas de cima, e “não nas que são da Terra”. Ele acrescenta: “porque já estais mortos”. Ao dizer isso, Paulo não estava
ensinando que o Cristão está morto para a natureza – isto é, para as coisas
naturais desta criação. O crente está morto para o pecado e para o mundo, mas
quando se trata de coisas naturais, Deus “abundantemente
nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (1 Tm 6:17). Portanto, são
coisas carnais e mundanas na Terra para as quais o crente está morto, não
coisas naturais.
Paulo então diz aos colossenses
que eles não devem esperar que o mundo entenda sua busca pelas coisas
celestiais, porque a vida do Cristão está “escondida
com Cristo em Deus” (v. 3). De quem é esta vida escondida? Está escondida
dos homens do mundo. Os homens deste mundo não entendem os Cristãos, no que diz
respeito às nossas fontes e motivos internos. Eles não conseguem entender por
que vivemos da maneira como vivemos e as coisas pelas quais vivemos – não faz
sentido para eles. O homem incrédulo do mundo vive e se move e tem todos os
seus pensamentos sobre as coisas temporais desta Terra; ele acha que todos
deveriam fazer o que ele faz. Quando ele vê um Cristão “marchando ao ritmo de
um tambor diferente”, é um total enigma para ele.
Ter uma vida oculta com Cristo
no sentido em que Paulo fala aqui não significa que nos escondemos do mundo
literalmente. Sequestrarmos a nós mesmos em nossas moradias e, como monges,
vivermos uma vida isolada seria contraproducente para nosso testemunho Cristão.
Pelo contrário, o povo de Deus deve ser “a
luz do mundo” e como “uma cidade
edificada sobre um monte” que “não se
pode esconder” e, portanto, deve ser um testemunho claro e brilhante
perante o mundo (Mt 5:14). O principal direcionamento desta epístola aos colossenses
é fazer com que os santos se movam juntos na Terra de tal maneira que haja uma manifestação
diante do mundo da verdade do Mistério, que é: “Cristo em vós, a esperança da glória” (cap. 1:27).
Paulo conclui dizendo: “Quando Cristo que é a nossa vida, Se
manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória” (v. 4).
Ele traz isto para mostrar que há um dia se aproximando quando Cristo e a
Igreja serão manifestados diante do mundo inteiro (2 Ts 1:10), e naquele tempo
será revelado diante de todos o que a fé levou os crentes a fazerem. neste dia.
A revelação daquele dia explicará para o que temos vivido neste dia (Jo 17:23).
Da mesma forma, Paulo tinha apenas dois dias diante dele em sua vida e serviço:
“dia de hoje” (At 20:26) e “aquele dia” (2 Tm 1:12, 18, 4:8). Ele
viveu sua vida neste presente dia da graça em vista do dia da manifestação – e nós
também devemos fazê-lo.
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