4)
MISTICISMO ORIENTAL (vs. 18-19)
A quarta coisa que marcou
esses falsos mestres foi o misticismo. Definimos o misticismo neste contexto
como ensinamentos que supostamente têm significados ocultos e secretos, que
quando entendidos, levam uma pessoa (supostamente) a um conhecimento e uma
espiritualidade mais elevados. Essa linha de coisas visava confundir os santos
com ideias baseadas em fantasias e romances que tinham aparência de ser algo
realmente espiritual. Mas, na verdade, isso fez com que os santos olhassem para
longe de Cristo para suas necessidades espirituais e impedissem seu progresso
espiritual. Paulo, portanto, advertiu os colossenses: “Que ninguém fraudulentamente vos prive de vosso prêmio, fazendo sua
própria vontade em humildade e culto a anjos, entrando em coisas que não viu,
inchado vãmente pela mente de sua carne, e não retendo a Cabeça, de Quem todo o
corpo, ministrado e unido pelas juntas e ligamentos, aumenta com o aumento de
Deus” (JND). Paulo estava particularmente se referindo nestes versículos à pretensão
de se ter um conhecimento espiritual mais alto do que aquele que os apóstolos
tinham entregue aos santos. Uma vez que toda a verdade já havia sido exposta na
revelação do Mistério (v. 3), as alegações desses instrutores eram falsas.
Para ajudar os colossenses a
ver esses instrutores como eles realmente eram, Paulo expôs a maneira pela qual
eles trabalhavam para conquistar a atenção das pessoas. Eles usaram um manto de
“humildade” que deu a impressão de
que eles eram verdadeiros servos de Deus. Humildade é uma virtude Cristã que
deve marcar todos os crentes. O inimigo sabe disso e faz com que seus
trabalhadores façam uma demonstração justa disso – mas com esses homens isso
era apenas uma farsa. É triste dizer que a humildade falsa funciona como um
encanto entre os Cristãos em geral. Quando as ideias dos falsos mestres são
apresentadas com uma fraseologia espiritual de alta sonoridade, e atreladas com o que parece ser
uma vida de santidade e humildade, os crentes não-estabelecidos são muitas vezes levados por elas.
A falsa humildade desses
místicos envolvia a veneração de “anjos”.
Mas ao se envolverem nessa prática, eles se expunham. Como essas criaturas não
caídas não pecam, e fazem apenas a vontade de Deus, a mente de Deus nesta
questão é conhecida pela recusa deles (dos anjos) ao culto (Ap 22:8-9). Assim,
esses místicos estavam fazendo algo que Deus claramente não aprova. Eles
estavam se intrometendo (esquadrinhando) em coisas invisíveis sobre as quais
nada sabiam, e suas ideias eram mera imaginação e especulação. Além disso, “sua própria vontade em humildade e culto a
anjos” é uma completa negação da ordem da nova criação que resultou da
morte e ressurreição de Cristo. Como mencionado anteriormente, há agora uma
nova raça de homens sob Sua liderança que está em uma posição que é superior à
dos anjos. Por isso, no Cristianismo, os homens não são mais os seres
inferiores. É, portanto, completamente fora de ordem para os Cristãos estar
fazendo reverência a essas criaturas inferiores. Se os anjos são inferiores aos
Cristãos, por que os Cristãos os cultuariam?
Sem dúvida, a marca característica
do ensino místico são as expressões vagas e nebulosas com as quais as ideias
são apresentadas. Aqueles que estão impressionados com tal ensinamento
geralmente descartam sua imprecisão alegando ser uma verdade profunda. Mas
Paulo disse que suas novas ideias realmente vieram da sua “mente carnal” estando “inchados”.
Assim, por trás de sua demonstração de humildade estava o orgulho espiritual!
Como afirmado na Introdução, uma pessoa será atraída para essa linha de coisas
porque ele pode se distinguir como tendo conhecimento em coisas divinas que os
outros não têm. Ele pode fascinar seus amigos com seus pensamentos de efeito, e isso ministra ao seu orgulho.
V. 19 – É triste dizer que o
resultado desta fachada de pseudo-espiritualidade é que os santos se distraem
com novidades e cessam de “reter a
Cabeça”. Isto é, eles deixam de olhar para Cristo, sua Cabeça, para
direção, orientação e nutrimento espiritual e passam a ocupar-se com coisas
que, na verdade, os afastam d’Ele. Toda a verdadeira direção e sustento
espiritual vem de Cristo, e devemos olhar para Ele por isso, mas nós os
recebemos por meio das “juntas e
ligamentos” do corpo, que são os membros que Ele usa para ministrar a
verdade a nós (Ef 4:16). A comida espiritual não vem dos membros do corpo, mas do Senhor pelos membros do corpo. Ao suprir nossas necessidades espirituais
deste modo, os membros são necessariamente interdependentes uns dos outros. O
resultado deste ministério é que os santos estão “unidos” praticamente em amor e são edificados juntos “com o aumento de Deus”. O objetivo de
todo ministério é que haveria um aumento nos santos que é de acordo com Deus.
Nós não queremos um aumento na doutrina e conhecimento meramente, por mais
importante que seja, mas um aumento que é de Deus. Este é o verdadeiro
desenvolvimento espiritual.
O remédio
A palavra simples e direta de
Paulo para os colossenses era não permitir que alguém os persuadisse nessa
direção mística, porque os privaria de seu “prêmio
[recompensa]” por fielmente manter a verdade. Se os colossenses fossem
enganados por esta linha mística de ensino, e entrassem nisso, seu
desenvolvimento espiritual seria impedido. A conclusão de Paulo, portanto, era
que, uma vez que não era de Deus e só os atrapalharia, e eles não deveriam
permitir “que ninguém” os
persuadisse a aceitar essa linha de coisas. Eles tinham tudo o que precisavam
para reter firmemente a Cabeça.
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