sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A Reconciliação dos Crentes


A Reconciliação dos Crentes

Vs. 21-22 – Como mencionado anteriormente, a reconciliação de todas as coisas é uma coisa futura; ainda está para acontecer. Enquanto isso, Deus reconcilia os homens por meio do evangelho de Sua graça.
Talvez o resultado mais triste do ingresso do pecado sejam as relações alienadas que existem entre os homens e Deus. O coração e a mente do homem possuem agora pensamentos e sentimentos errados para com Deus (v. 21). Por meio do pecado, os homens em seu estado caído tornaram-se “aborrecedores de Deus” (Rm 1:30), e assim têm grande “inimizade contra Deus” (Rm 8:7). Esta passagem em Colossenses 1 mostra que a condição caída do homem é dupla: ele se tornou um alienado e um inimigo de Deus. “Estranhos [Alienados – JND] é o que os homens são por natureza; “inimigos” é o que são pela prática. Como tal, o homem está agora longe de Deus moral e espiritualmente, não tendo qualquer relação com o seu Criador. Esse estranhamento não foi apenas com Adão que primeiro pecou, mas é verdadeiro em toda a raça sob ele (Rm 5:19a). O ódio e a inimizade para com Deus existem em todas as pessoas perdidas, em graus variados. É evidente na profanidade com que os homens usam o Seu santo nome (Sl 139:20) e nas “obras más” que praticam. Essas coisas contribuíram para o afastamento do homem de Deus. Os homens têm a sensação de terem feito o que é errado, e a consciência acusadora os afasta d’Ele a Quem ofenderam.
Essa condição de inimizade está totalmente do lado do homem; é o homem que pecou e se afastou de Deus. Mesmo que o coração do homem para com Deus tenha sido corrompido, a disposição de Deus para com o homem não mudou. Ele ainda está favoravelmente disposto para com os pecadores, pois Ele é o grande Deus Imutável (Ml 3:6). Isso pode ser visto no fato de que Ele “Mas Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Assim, em seu estado confuso de pensamento, o homem vê Deus como um inimigo, mas Ele não o é definitivamente. De fato, Deus está buscando o bem e a bênção do homem! Uma mudança de coração é desesperadamente necessária no homem, mas não em Deus, pois Ele sempre amou o homem. Portanto, não é Deus Quem precisa ser reconciliado com o homem, mas o homem para com Deus. Dizer que Deus precisa ser reconciliado nega Seu “amor eterno” para o homem (Jr 31:3; Jo 3:16).
Às vezes, quando as pessoas são despertadas para a necessidade de serem salvas, elas têm a ideia equivocada de que, uma vez que pecaram e se afastaram de Deus, precisam fazer algo para trazer o coração de Deus em direção a elas. Alguns pensam que precisam derramar lágrimas; outros pensam que precisam limpar suas vidas e se tornar religiosos. Mas, novamente, isso é entender mal o coração de Deus; Seu coração sempre foi favorável ao homem.
Assim sendo, a Escritura não apresenta reconciliação como a conhecemos hoje no sentido moderno da palavra. Isto é, em relação a duas partes que foram alienadas, aproximando-se umas das outras com algum grau de compromisso, para que as relações entre elas possam recomeçar como eram antes. Reconciliação, como encontrada na Bíblia, trata o assunto como homem sendo trazido de volta a Deus. Assim, a Escritura não diz que estamos reconciliados com Deus, o que pode implicar este compromisso, mas sim que estamos reconciliados “a” Deus (Rm 5:10; 2 Co 5:20; Ef 2:16; Cl 1:20). Além disso, somos nós que recebemos “a reconciliação”, não Deus (Rm 5:11). (Mt 5:24 usa a palavra “reconciliar” no sentido de que duas partes se juntam, mas é uma palavra diferente em grego e não está relacionada com as bênçãos do evangelho que estamos considerando.)
Deus na graça superou a alienação e a inimizade do homem ao cuidar da questão do pecado na morte de Cristo, e então enviando Seus servos para anunciar que Ele ama o homem e providenciou um caminho para que ele seja trazido de volta em paz. Assim, a mensagem do evangelho que os servos de Deus levam ao mundo é: “Reconcilieis a Deus” (2 Co 5:20 – JND). Isto não significa que todas as pessoas no mundo estejam agora reconciliadas, ou que todas serão reconciliadas, mas que uma provisão foi feita para alcançar e restaurar todas as pessoas, se elas vierem a Cristo.
Existem quatro lugares principais no Novo Testamento, onde a reconciliação de pessoas é considerada – cada um vê o assunto em um aspecto diferente: 
  • Colossenses 1:19-22 – para o prazer da Divindade.
  • Romanos 5:1-11 – para o conforto e a alegria do crente em Deus.
  • Efésios 2:11-16 – para efetuar a união entre os membros do corpo de Cristo.
  • 2 Coríntios 5:19-21 – como um testemunho para o mundo. 

Como mencionado acima, Colossenses 1:22 apresenta a reconciliação sob a perspectiva de Deus, enfatizando o que ela realiza para o prazer de Deus. Assim, é o aspecto mais elevado da reconciliação. Ser perdoado nos satisfaria, mas não satisfaria a Deus. A parábola em Lucas 15 ilustra esse grande fato. O pai não estava satisfeito em dar ao pródigo os beijos do perdão – ele o vestiria com o melhor vestido, com um anel no dedo e com os sapatos nos pés, de modo que seus olhos pudessem repousar sobre o filho com complacência. (Lc 15:20-23) Assim, vemos a partir disso que Deus trabalha para efetuar a reconciliação a fim de que possamos ser “santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis”, “perante Ele [Ela – JND] – e isso para que Ele possa encontrar Seu prazer em nós. A reconciliação vai além do perdão dos pecados e da justificação, para trazer o crente para “perto” de Deus em paz (Ef 2:13). W. Kelly disse: “Reconciliação, portanto, é um termo de significado rico, e vai muito além do arrependimento ou fé, vivificação ou justificação” (Notes on the Second Epistle to the Corinthians, pág. 114). Assim, a encarnação trouxe Deus ao homem e a reconciliação leva os homens (crentes) a Deus.
A principal diferença entre a reconciliação das coisas e das pessoas é que a reconciliação das coisas é universal; enquanto que a reconciliação de pessoas não é. Nem todos os filhos do Adão caído obtêm esta grande bênção; são somente aqueles que creem no evangelho e recebem a Cristo como seu Salvador. Outra diferença é que Deus reconcilia as coisas Consigo mesmo pelo exercício do julgamento, mas Ele reconcilia os homens pelo poder do Seu amor e graça trabalhando em seus corações para dissipar seu ódio e inimizade. Ele pega aqueles que são alienados e inimigos por causa do pecado, e os converte e reconcilia e os transforma em filhos, e eles “se gloriam [têm gozo – KJV] em Deus” (Rm 5:11) e Ele tem o Seu prazer neles!

Pai, Teu soberano amor procurou
Cativos ao pecado, distanciados de ti;
A obra que o Teu próprio Filho consumou
Nos trouxe de volta em paz e libertos.
E agora como filhos diante da Tua face,
Com passos gozosos, na senda que trilhamos
Que nos leva aquele lugar abençoado
Preparado para nós por Cristo nossa Cabeça.
L. F # 331

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