quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O Mistério


O Mistério

V. 25 – Paulo fala então de seu segundo ministério. Ele diz que ele também era um “ministro, segundo a dispensação de Deus que me foi concedida”, a qual, como dissemos, tem a ver com a revelação da verdade do “Mistério”. Paulo era o principal propagador do Mistério. Outros “santos apóstolos e profetas” tiveram esta grande verdade revelada a eles (Ef 3:5), mas Paulo foi especialmente comissionado pelo Senhor “para iluminar a todos com o conhecimento” do “Mistério” (Ef 3:9 – JND).
Como mencionado na Introdução, o Mistério revela o grande propósito de Deus para glorificar Seu Filho em duas esferas – nos céus e na Terra – no mundo vindouro por meio de um vaso de testemunho especialmente formado, a Igreja (Ef 1:8-9). O Velho Testamento claramente predizia um Messias judaico reinando sobre toda a Terra com Israel e as nações gentias regozijando-se submissas a Ele. Mas o Mistério revela algo mais. Quando Cristo reinar, Ele terá um complemento celestial ao Seu lado – a Igreja, Seu corpo e Sua noiva. Deus usará esse vaso especialmente formado para realçar a glória de Cristo naquele dia de manifestação (Ap 21:9-22:5). Além disso, o Mistério revela que Cristo não apenas reinará sobre a Terra, mas sobre todo o universo (os céus e a Terra); tudo estará sob a administração de Cristo e da Igreja. (“o Cristo” Ef 1:10 – JND).
Também mencionadas na Introdução estão as duas partes do Mistério, apresentadas nas epístolas aos Efésios e aos Colossenses. Efésios enfatiza o aspecto futuro quando o grande propósito de Deus concernente a Cristo e à Igreja será trazida à manifestação no mundo vindouro. Colossenses dá o aspecto presente do Mistério, que tem a ver com as características de Cristo sendo desenvolvidas na prática nos membros de Seu corpo, de modo que o mundo veria uma demonstração viva da união de Cristo e da Igreja.
Paulo diz que trazer à luz essa grande verdade seria “cumprir [completar - JND] a Palavra de Deus”. Assim, o Mistério é a culminante joia de Deus que completa a revelação divina da verdade. Tendo divulgado esse segredo, agora não resta mais verdade a ser revelada. “Todos os tesouros da sabedoria e da ciência” são encontrados no Mistério, e todos eles foram revelados aos santos (cap. 2:2-3). Completar a Palavra de Deus não significa que Paulo foi o último a escrever as Escrituras inspiradas; sabemos que ele não foi. O apóstolo João escreveu seu evangelho, suas epístolas e o livro de Apocalipse alguns anos depois. No entanto, esses escritos não revelam nenhuma nova verdade sobre a Igreja – que é o ponto de Paulo aqui. As epístolas de João não consideram a verdade da Igreja, mas sim a família de Deus. Sua Revelação (Apocalipse, em português) de Jesus Cristo tem muitas visões e revelações relacionadas a eventos futuros, mas essas coisas são uma ampliação de assuntos já revelados no Velho Testamento. Todos esses ensinamentos proféticos não são novos assuntos da verdade.
V. 26 – Paulo então amplia o fato de que a verdade no Mistério não é uma extensão da verdade dada no Velho Testamento. Ele deixa claro que era algo que estava “guardado em silêncio durante os tempos eternos [os tempos dos séculos – JND]” (Rm 16:25; Ef 3:5) e só agora, na presente dispensação da graça, “tem sido revelado aos Seus santos” (TB). Não é algo que os santos do Velho Testamento pudessem conhecer. Era algo “oculto” (Rm 16:25) que não estava escondido no Velho Testamento (como alguns pensavam), mas algo que estava “escondido em Deus” (Ef 3:9). Existem referências à Cristo e à Igreja nos tipos do Velho Testamento, tais como: Adão e Eva (Gn 2), Isaque e Rebeca (Gn 24), Jacó e Lia (Gn 29), José e Asenate (Gn 41), etc., mas estes não ensinam a verdade da Igreja. Eles não revelam a natureza de sua união, etc. Tudo isso requer uma revelação divina, que é o que o Mistério revela. Nós não teríamos visto essas figuras no Velho Testamento se a verdade da Igreja não tivesse sido revelada no Mistério do Novo Testamento.
V. 27 – Paulo então define a operação prática da verdade do Mistério nos santos. Ele diz que é, “Cristo em vós, a esperança da glória” (ARA). Assim, o mistério revela que Deus teria pessoas aqui agora neste mundo no mesmo lugar onde Cristo foi expulso e crucificado, nos quais as características vivas de Sua Pessoa seriam vista. Não é que Cristo habite pessoalmente naqueles que compõem esta nova companhia (como comumente se pensa), mas que as características da vida de Cristo são vistas neles. W. Kelly disse: “É a vida de Cristo em nós em seu completo caráter ressuscitado de exibição” (Lectures on Colossians, pág. 108). “Vós”, sendo plural, mostra que é intenção de Deus que haja neste mundo uma reprodução unificada de Cristo nos santos. Ver os santos movendo-se juntos em feliz comunhão, mesmo que estejam em diversas posições sociais, realizações intelectuais, distinções raciais, etc., dá um forte testemunho sobre o que Deus está atualmente fazendo neste mundo por meio do evangelho. A “esperança” a que ele se refere aqui é a certeza adiada de estarmos com Cristo em um estado glorificado.
Vs. 28 - Tendo falado do Mistério em seu aspecto atual, Paulo diz: “quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo”. Vimos a partir disso que o objetivo de seu duplo ministério era que as pessoas não somente teriam suas almas salvas eternamente por crerem no evangelho, mas também que seguiriam depois que fossem salvas e alcançariam a plena maturidade Cristã. “Perfeito”, no sentido em que Paulo usa a palavra aqui, refere-se a isso. Significa “crescido completo” e pode ser traduzido como tal (1 Co 14:20; Fp 3:15). Todos os Cristãos estão “em Cristo Jesus” quanto à sua posição de aceitação diante de Deus em Cristo, o Homem ressurreto e glorificado. Mas ser “perfeito em Cristo Jesus” envolve conhecer a verdade do Mistério e procurar andar com nossos companheiros irmãos de tal maneira que haja uma demonstração viva de Cristo. Assim, Paulo não estava interessado em simplesmente fazer com que pessoas ultrapassassem a linha de salvação da alma e deixá-las ali para fazer seu próprio caminho nas coisas divinas – ele trabalhou para estabelecê-las na verdade depois que elas foram salvas. Assim, se os colossenses desejassem a perfeição Cristã, ela seria encontrada na verdade revelada no Mistério, e não naquilo que os falsos mestres de sua área estavam propondo.
Observe a mudança do plural (“vós” – v. 27) para o singular (“todo homem” – v. 28). Isso porque, quando se trata de crescimento e progresso nas coisas divinas, é uma coisa individual. Não podemos crescer por outra pessoa e eles não podem crescer por nós. Por parte do crente, o progresso espiritual requer obediência, diligência e exercício de alma. Também é útil ter ajuda de instrutores com dons, como foi o caso aqui com as instruções de Paulo.
V. 29 – Em vista de apresentar a cada homem perfeito, Paulo diz: “E para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que obra [atua – ARA] em mim poderosamente”. O combate se refere à guerra. Isso mostra que Paulo viu seus esforços como um conflito espiritual. Ele entendeu claramente que o diabo e seus emissários estavam trabalhando nos bastidores para resistir à propagação da verdade (2 Co 10:3-5; 1 Ts 2:18; Ef 6:11-13). No mundo vindouro, não haverá combate com esses inimigos malignos para manifestar Cristo e da Igreja, porque todos eles estarão confinados no abismo (Is 24:21-22; Ap. 20:1-2). Mas neste mundo hoje há uma indiscutível batalha espiritual em relação à reprodução coletiva das características de Cristo nos santos.
Cap. 2: 1 – Paulo sabia que os santos daquela região estavam em uma condição perigosa e queria que eles soubessem de sua preocupação. Ele disse: “Porque quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia”. A menção de “Laodiceia” aqui e “Hierápolis” mais adiante na epístola (cap. 4:13). nos diz que essas assembleias vizinhas também estavam em perigo. Isso mostra que os esforços do inimigo são implacáveis. Se esses falsos mestres não conseguissem a atenção dos colossenses, eles tentariam entrar em Laodiceia ou em Hierápolis.
Vs. 2-3 – O grande desejo de Paulo por eles era “para o fim de que seus corações possam estar encorajados, estando unidos em amor, e para todas as riquezas da plena certeza do entendimento, para o pleno conhecimento do mistério de Deus. No qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (JND). Estar “unidos em amor” era uma questão de seus “corações” serem elevados ao Senhor, e ter “a plena certeza do entendimento” do Mistério era um questão de suas mentes serem instruídas na verdade. Isso os guarneceria contra os enganos do inimigo. Se esse estado existisse entre os colossenses, seria difícil para o inimigo conseguir um espaço na assembleia. A “plena certeza” a que Paulo estava se referindo não era a garantia da salvação de suas almas; isso eles já tinham. Era que eles teriam plena certeza do fato de terem recebido todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” no Mistério. Saber disso os livraria da busca da verdade em qualquer outro lugar, a não ser no Mistério. Assim, o conflito de Paulo na oração era que eles estivessem em um estado espiritual correto para se beneficiarem com a verdade.
Usando a tipologia na jornada de Israel do Egito até Canaã, “os tesouros da sabedoria e do conhecimento” de que Paulo fala aqui é o antítipo da herança prometida de Israel (porção) em Canaã. Veja Efésios 1:3.

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