O Poder Espiritual Para Agir de Acordo com a Verdade
Vs. 16-17 – Paulo nos exortou
a vestir as características morais do novo homem, mas a questão é: “Como?” Ele
prossegue abordando isso a seguir. Alguns dirão que devemos cultivar as graças Cristãs
fazendo um esforço para agir como Cristo em todas as situações da vida. No
entanto, Paulo não indica que essas coisas são colocadas por qualquer esforço
consciente do crente. Antes, ele diz: “A
palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos
e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais;
cantando ao Senhor com graça em vosso coração E, (tudo) quanto fizerdes por
palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças
a Deus Pai”. Ele fala de duas
coisas aqui: a necessidade de nos enchermos com as coisas de Cristo pelas várias
maneiras que Paulo estabelece, e estarmos engajados com as coisas da vida que
podem ser feitas para a glória de Cristo. Quando estamos ocupados com essas
coisas, as características morais de Cristo serão formadas em nós pelo Espírito
com bastante naturalidade (2 Co 3:18). Da mesma forma, uma árvore produz frutos
como resultado natural do sistema radicular absorvendo água e nutrientes do
solo. É verdade que devemos nos exercitar “piedade”
(1 Tm 4:7), mas isso é feito agindo sobre o próprio princípio que Paulo aborda
aqui – estando cheio das coisas de Cristo. A atual produção de “fruto” se dá em nós pelo Espírito
quando estamos ocupados com Cristo e Seus interesses (Gl 5:22-25).
“A Palavra de o Cristo”[1] (JND) é a verdade que pertence especificamente
a Cristo e à Igreja. Isto é indicado na expressão “o Cristo” que denota a união mística da Cabeça com os membros do
corpo (1 Co 12:12-13). “Sabedoria, ensino e admoestação” são instruções
específicas relativas à colocação dessa verdade em prática.
“Salmos, hinos, cânticos espirituais” são três tipos de composições Cristãs que
expressam pensamentos e sentimentos espirituais em relação ao Senhor, à verdade
e ao caminho em que trilhamos. “Salmos”
não são, como alguns pensam, os Salmos do Velho Testamento. Estas são
composições baseadas em experiências Cristãs pelas quais os santos passaram,
caminhando com o Senhor. Se fossem os salmos do Velho Testamento, o Espírito de
Deus teria acrescentado o artigo “os”
como em Lc 24:44[2]
e At 13:33. Os Salmos do Velho Testamento são composições judaicas expressando
sentimentos e experiências judaicas; elas não têm um caráter Cristão e não
transmitem adequadamente o conhecimento e sentimento Cristão. Por exemplo, o
nome do Pai, que é característico do Cristianismo, não é conhecido neles.
Portanto, a vida eterna não está em vista nos Salmos (Jo 17:3). Além disso, o
conhecimento da obra consumada de Cristo não é conhecida pelos escritores dos
Salmos, nem a aceitação do crente em Cristo diante de Deus por meio da
habitação do Espírito. Os Salmos do Velho Testamento não retratam os
sentimentos de quem tem uma consciência purificada e conhece a paz com Deus.
Consequentemente, eles são compostos com um elemento de medo do julgamento de
Deus, mesmo que eles tenham fé. Além disso, a esperança nos Salmos não é o céu,
mas viver na Terra no reino do Messias de Israel (Sl 25:13, 37:9, 11, 29, 34,
etc.). A adoração é também de uma ordem judaica em um templo terrestre; o lugar
da adoração de um Cristão dentro do véu é totalmente desconhecido. Além disso,
o clamor em muitas das orações nos Salmos é por vingança contra seus inimigos,
que não é a atitude de um Cristão que abençoa aqueles que o amaldiçoam e ora
por aqueles que os tratam injustamente. Os Cristãos podem lê-los e obter um
entendimento das circunstâncias do remanescente judaico na Tribulação vindoura,
e também obter conhecimento dos princípios morais de Deus neles que são
aplicáveis aos santos de todas as épocas, e assim receber consolo e esperança
em suas circunstâncias da vida.
“Hinos” são composições que expressam adoração e se dirigem diretamente a
Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo. Estes podem tomar a forma de orações. “Canções espirituais” são composições
que contêm verdades espirituais de acordo com a revelação Cristã pelas quais
somos instruídos e exortados no caminho Cristão. Eles podem estar na forma de “ensino” a nós sobre algum aspecto da
verdade do Novo Testamento, ou de “admoestação”
quanto a algum ponto prático da vida Cristã.
Quando estamos imersos nessas
coisas espirituais que têm a ver com Cristo, o poder do Espírito será evidente
em nossa vida, e Cristo será visto em nós.
[1] “O Cristo” é uma expressão nos escritos de Paulo que se
refere à união mística de Cristo, a Cabeça, e os membros do Seu corpo, pela
habitação do Espírito Santo (1 Co 12:12-13 – JND).
[2] N. do T.: Em algumas versões
em português a palavra “nos” está grafada em itálico, significando que não se
encontra nos manuscritos.
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