EM RELAÇÃO À CRIAÇÃO (vs. 15b-17)
Quanto à todo o universo,
Cristo não é nada menos que o Criador de todo ele! Paulo diz que Ele é o “Primogênito de toda a criação” e
explica por que: “Porque n’Ele foram
criadas todas as coisas que há nos céus e na Terra, visíveis e invisíveis,
sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi
criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas
subsistem por Ele”. Assim, a criação exibe a glória criadora
de Cristo (Sl 19:1-3).
Alguns têm pensado que “Primogênito de toda a criação”
significa que o Senhor foi o primeiro ser criado que Deus criou. Mas não é assim que o termo “Primogênito” é usado nas Escrituras e
nelas o termo não tem nada a ver com ser o primeiro em ordem de nascimento. É
verdade que o Senhor nasceu primeiro na família de José e Maria (Mt 1:25), mas não é isso o que esse termo significa.
Pelo contrário, é usado para denotar a posição
de uma pessoa acima dos outros – sendo primeiro em posição e, portanto, tendo
preeminência sobre os outros (Êx 4:22; Rm 8:29; Hb 12:23). Por exemplo: Davi
não nasceu primeiro na família de Jessé (1 Cr 2:13-15), mas o Senhor o chamou
de “primogênito” (Sl 89:27). Da
mesma forma, Efraim não nasceu primeiro na família de José (Gn 48:14), mas o
Senhor o chamou de seu “primogênito”
(Jr 31:9).
Cristo, ao entrar em Sua
criação, sendo Quem Ele era (Deus “manifestado
em carne” – 1 Tm 3:16) não poderia ter outro lugar além daquele de “Primogênito”. Quando aqui neste mundo,
o Senhor não insistiu em Seus direitos como Primogênito – o que Ele fará num
dia vindouro, quando tomar posse da herança de todas as coisas criadas na Sua
Aparição. Mas Ele tinha esses direitos, e aqueles com fé reconheciam isso.
Essa passagem mostra
claramente que Cristo é o Criador de “todas
as coisas”. Muitas outras passagens confirmam isso (Jo 1:3, 10; Ef 3:9; Hb 1:2,
10; Ap 4:11). A Bíblia diz: “No
princípio criou Deus os céus e a Terra” (Gn 1:1). “Deus” (Elohim) é plural,
significando que todas as três Pessoas na Divindade participaram dessa obra de criação.
Da mesma forma, “Criador”, como
usado em Eclesiastes 12:1, é plural. Mas quando uma Pessoa na Divindade é selecionada
como o Criador, é sempre o Filho. Tal é o caso aqui em Colossenses 1.
Na qualificação de “todas as coisas” que o Senhor criou,
diz Paulo, “visíveis e invisíveis”.
Isso indica os dois grupos exaustivos de coisas criadas. Não é por coincidência
que Paulo menciona coisas invisíveis aqui, pois era esse lado das coisas que fascinava
os colossenses. Eles precisavam saber que Cristo era o Criador de todas essas
coisas invisíveis, e sendo o Criador delas significava que Ele era superior a
elas. Por que, então, ficar enamorados dessas coisas quando fomos traduzidos
para o reino do Filho do Seu amor e temos o privilégio de ter comunhão com o
próprio Criador? Buscar as coisas que o Criador criou em vez do próprio Criador
é sem sentido. Entender isso serviria para impedir que os colossenses se
movessem na direção de coisas místicas.
Da mesma forma, não é uma
coincidência que Paulo menciona “tronos,
dominações, principados, ou potestades”. Estas são criaturas angélicas
invisíveis em várias classes e capacidades, todas as quais foram criadas por
Cristo. Os místicos estavam ensinando que os crentes deveriam adorar essas
criaturas (cap. 2:18). Mas por que os Cristãos devem buscar e adorar os anjos,
quando eles têm o próprio Criador para adorar?
“Ele é antes de todas as coisas, e todas as
coisas subsistem por Ele”. Essa
declaração mostra que, sendo uma Pessoa divina e eterna, Cristo existe fora do
tempo. O uso do tempo presente “é”
indica isso. Compare com Jo 8:58. O fato de que todas as coisas “subsistem” por Ele mostra que Ele não
é apenas o Criador do universo, mas
que Ele também é o Sustentador do
universo. Mesmo quando Ele andava aqui como um homem humilde, a existência do
universo dependia d’Ele! Isso é realmente surpreendente. O escritor de hinos
afirmou este fato da seguinte forma:
Tu semblante transcendente!
Tu, Sol Criador de Vida!
Para mundos que de Ti dependem –
Mesmo assim moído e ainda cuspido.
L.F. #
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A glória de Cristo na criação
é uma glória adquirida; Ele a adquiriu
criando os céus e a Terra. Existem três
preposições diferentes usadas aqui para transmitir três pensamentos diferentes quanto a Cristo e à criação:
- “N’Ele” significa que toda força criadora (poder) reside n’Ele.
- “Por Ele” significa que Ele é o instrumento ativo (agente) pelo qual o poder divino age.
- “Para Ele” significa que Ele é o fim divino para o qual tudo foi feito; é para o Seu prazer (Ap 4:11).
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