A Aplicação Presente da Epístola
Enquanto o gnosticismo não é
uma ameaça para a Igreja hoje como era nos primeiros séculos, esta epístola
ainda tem um lugar necessário no cânon das Escrituras. Ela tem uma aplicação
presente em repreender a tendência de usar nossa imaginação para interpretar as
Escrituras – como um homem tentado desta maneira disse uma vez: “Você pode frequentemente
encontrar mais entre as linhas da Escritura do que nas linhas da Escritura”! Desnecessário
será dizer que especular sobre a Palavra inspirada de Deus é uma coisa
perigosa. Tal uso da imaginação humana em coisas divinas é como um israelita
levantando um “buril” (uma ferramenta
afiada para cortar) sobre o altar de Deus e esculpindo algo de sua imaginação
nele. Isso era estritamente proibido (Êx 20:25). Uma vez que os princípios de
interpretação não são claramente definidos quando alguém aplica sua imaginação
às Escrituras dessa forma, não é difícil fazer a Palavra de Deus dizer quase
tudo que quisermos! O grande perigo aqui é ir além do que Deus revelou e cair
em erro. Toda essa manipulação da Palavra de Deus pode ser classificada como
ensinamento místico.
A principal diferença entre o
misticismo no gnosticismo e o misticismo que se move furtivamente hoje é que os
gnósticos fizeram declarações e ensinamentos errôneos à parte da revelação
divina das Escrituras; enquanto que o misticismo que enfrentamos hoje professa
usar a Palavra de Deus para apoiar suas noções e interpretações fantasiosas.
É triste dizer que o que
geralmente se encontra no fundo do ensinamento místico é o orgulho espiritual,
como Paulo diz nesta epístola – “inchado
vãmente pelo seu entendimento carnal” (Cl 2:18 – ATB). Uma pessoa assumirá
essa linha de coisas porque essas o distingue como se tivesse algo que os
outros não têm, no que diz respeito ao conhecimento divino. Ele pode fascinar
seus amigos com seus pensamentos transcendentes, e isso ministra ao seu orgulho. Com o tempo, sua
propensão para procurar indícios para o que ele imagina serem significados
ocultos nas Escrituras inunda sua mente, e isso se torna o seu único objetivo.
Uma frase da Escritura será tirada e divorciada do seu contexto e interpretada para
significar algo que uma pessoa, em condições normais, nunca veria, à parte da forma
mística em que é divulgada. Quando essas ideias são apresentadas com uma
fraseologia espiritual de alta sonoridade, e juntamente com uma vida de
santidade exterior, crentes não-estabelecidos podem ser levados por ela e
acreditarem que se trate e de algo realmente especial. O que surge disso são
certos iniciados,
imaginando que têm um “caminho interior” à verdade mais elevada. Sem dúvida, a
característica predominante do ensino místico são as expressões vagas e
nebulosas pelas quais as ideias são apresentadas. Aqueles que são impressionados
por elas não levarão em conta a sua imprecisão considerando ser uma verdade
profunda.
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