sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Duas Esferas do Conhecimento Divino


Duas Esferas do Conhecimento Divino

Nos próximos versos, Paulo menciona duas esferas de conhecimento divino que devem governar os santos. Ele fala de: 
  • Conhecer “a graça de Deus em verdade” (v. 6) e;
  • Crescer no “pleno conhecimento de Deus” e de “Sua vontade” (vs. 9-10 – ATB). 

W. Kelly disse: “Conhecer a graça de Deus em verdade não é a mesma coisa que ser enchido com o conhecimento ou pleno conhecimento de Sua vontade” (Lectures on Colossians, pág. 89). A primeira delas tem a ver com a verdade do evangelho (v. 6) e a segunda refere-se à verdade do Mistério exibida no andar dos santos (vs. 9-10). Essas coisas estão intimamente conectadas, e entender ambas é necessário para “estabelecer” o crente (Rm 16:25 – JND). Ter conhecimento do perdão dos pecados e de ser justificado pela fé não é o objetivo final do evangelho. Pelo contrário, seu objetivo é que o crente seja inteligente quanto ao propósito de Deus em conexão com a manifestação da glória de Cristo na Igreja, e isto, para que ele possa ser encontrado promovendo a glória de Cristo neste mundo. Isto é o que é desvendado no Mistério.
É significativo que Paulo considera os colossenses como tendo um entendimento da graça de Deus no evangelho, mas não como tendo o conhecimento da vontade de Deus no Mistério. O fato de ele orar que eles fossem enchidos com esse conhecimento mostra claramente que eles não estavam assim ainda. Aqui está o ponto crucial do problema com os colossenses. Eles haviam recebido e crido no evangelho, mas eram deficientes no seu entendimento do Mistério. O inimigo havia anotado isso e estava trabalhando por meio de falsos mestres para seduzi-los, se possível, a pensar que precisavam buscar a uma verdade mais elevada. Se os colossenses tivessem sido estabelecidos na verdade do Mistério, eles saberiam que os clamores desses místicos eram falsos, pois pelo Mistério haviam recebido todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2:3).
Os colossenses não estão sozinhos nessa deficiência. Muitos Cristãos hoje conhecem a verdade do evangelho e creram nisto, mas não estão esclarecidos quanto ao Mistério, o qual explica a verdadeira natureza e o chamado da Igreja como uma companhia especial de pessoas abençoadas que reinarão no céu com Cristo. A maioria tem a ideia dos antigos reformadores de fundir os peculiares chamados de Israel e da Igreja em um só, conhecido como “Teologia do Pacto”. Consequentemente, eles têm uma visão completamente diferente e errônea do plano de Deus para publicamente glorificar Seu Filho no mundo vindouro. As ramificações práticas dessas doutrinas “de pactos (alianças)” são tais que os Cristãos não entendem seu verdadeiro chamado e serviço no Senhor. Como resultado, ao invés de tentar colocar a verdade do Mistério em prática como os Cristãos deveriam, eles estão se envolvendo nos assuntos políticos deste mundo e estão tentando endireitar o mundo por meio de vários programas e protestos, etc. Eles sinceramente acreditam que é seu dever envolver-se nessas causas. Este é um exemplo clássico de como nossa doutrina afeta nossa prática – seja para o mal ou para o bem.
V. 7 – O evangelho da graça de Deus alcançou os colossenses por meio de Epafras. Paulo recomenda calorosamente seu ministério para os santos de Colossos, falando dele como “nosso amado conservo, que para vós é um fiel ministro de Cristo”. Epafras havia anunciado o evangelho aos colossenses e trabalhava fervorosamente em oração por eles (Cl 4:12-13). Recomendando Epafras como fez, Paulo procurou fortalecer a confiança dos colossenses nele, e assim assegurar-lhes que o que Epafras lhes havia ensinado era a verdade, e que eles precisavam continuar no que ele havia dado, sem procurar por algo novo.
V. 8 – Epafras também relatou a Paulo o genuíno “amor no Espírito” deles. O Espírito de Deus produziu neles aqueles sentimentos divinos. É significativo que o Espírito Santo seja mencionado apenas esta única vez na epístola e ainda, de passagem. Isto é bem diferente de Efésios, onde não há um capítulo onde a Pessoa do Espírito Santo não seja mencionada como tendo uma parte integral na obra de Deus nas almas, revelando a verdade, etc. A razão para isto é que o Espírito está tão concentrado em glorificar a Cristo e voltar o foco dos santos colossenses para Ele, que Ele propositadamente Se mantém fora da cena (Jo 16:13-14). Além disso, devido à natureza do ensinamento que vinha dos falsos mestres, que ocupavam pessoas com coisas místicas invisíveis, insistir na obra do Espírito (que é invisível) poderia muito bem ter encorajado os colossenses em uma direção errada. O Apóstolo, portanto, propositalmente não aborda a obra do Espírito nesta epístola, mas sabiamente não a destaca, e assim esperou por outro tempo para falar com eles sobre a obra do Espírito.

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