Duas Esferas do Conhecimento Divino
Nos próximos versos, Paulo
menciona duas esferas de conhecimento
divino que devem governar os santos. Ele fala de:
- Conhecer “a graça de Deus em verdade” (v. 6) e;
- Crescer no “pleno conhecimento de Deus” e de “Sua vontade” (vs. 9-10 – ATB).
W. Kelly disse: “Conhecer a
graça de Deus em verdade não é a mesma coisa que ser enchido com o conhecimento
ou pleno conhecimento de Sua vontade” (Lectures
on Colossians, pág. 89). A primeira delas tem a ver com a verdade do
evangelho (v. 6) e a segunda refere-se à verdade do Mistério exibida
no andar dos santos (vs. 9-10). Essas coisas estão intimamente conectadas, e entender
ambas é necessário para “estabelecer”
o crente (Rm 16:25 – JND). Ter conhecimento do perdão dos pecados e de ser
justificado pela fé não é o objetivo
final do evangelho. Pelo contrário, seu objetivo é que o crente seja inteligente
quanto ao propósito de Deus em conexão com a manifestação da glória de Cristo
na Igreja, e isto, para que ele possa ser encontrado promovendo a glória de
Cristo neste mundo. Isto é o que é desvendado no Mistério.
É significativo que Paulo considera
os colossenses como tendo um entendimento da graça de Deus no evangelho, mas
não como tendo o conhecimento da vontade de Deus no Mistério. O fato de ele
orar que eles fossem enchidos com esse conhecimento mostra claramente que eles
não estavam assim ainda. Aqui está o ponto crucial do problema com os colossenses.
Eles haviam recebido e crido no evangelho, mas eram deficientes no seu
entendimento do Mistério. O inimigo havia anotado isso e estava trabalhando por
meio de falsos mestres para seduzi-los, se possível, a pensar que precisavam
buscar a uma verdade mais elevada. Se os colossenses tivessem sido
estabelecidos na verdade do Mistério, eles saberiam que os clamores desses
místicos eram falsos, pois pelo Mistério haviam recebido “todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2:3).
Os colossenses não estão
sozinhos nessa deficiência. Muitos Cristãos hoje conhecem a verdade do
evangelho e creram nisto, mas não estão esclarecidos quanto ao Mistério, o qual
explica a verdadeira natureza e o chamado da Igreja como uma companhia especial
de pessoas abençoadas que reinarão no céu com Cristo. A maioria tem a ideia dos
antigos reformadores de fundir os peculiares chamados de Israel e da Igreja em
um só, conhecido como “Teologia do Pacto”.
Consequentemente, eles têm uma visão completamente diferente e errônea do plano
de Deus para publicamente glorificar Seu Filho no mundo vindouro. As
ramificações práticas dessas doutrinas “de pactos (alianças)” são tais que os Cristãos
não entendem seu verdadeiro chamado e serviço no Senhor. Como resultado, ao
invés de tentar colocar a verdade do Mistério em prática como os Cristãos
deveriam, eles estão se envolvendo nos assuntos políticos deste mundo e estão
tentando endireitar o mundo por meio de vários programas e protestos, etc. Eles
sinceramente acreditam que é seu dever envolver-se nessas causas. Este é um
exemplo clássico de como nossa doutrina afeta nossa prática – seja para o mal
ou para o bem.
V. 7 – O evangelho da graça
de Deus alcançou os colossenses por meio de Epafras. Paulo recomenda calorosamente seu
ministério para os santos de Colossos, falando dele como “nosso amado conservo, que para vós é um fiel ministro de Cristo”.
Epafras havia anunciado o evangelho aos colossenses e trabalhava fervorosamente
em oração por eles (Cl 4:12-13). Recomendando Epafras como fez, Paulo procurou
fortalecer a confiança dos colossenses nele, e assim assegurar-lhes que o que
Epafras lhes havia ensinado era a verdade, e que eles precisavam continuar no
que ele havia dado, sem procurar por algo novo.
V. 8 – Epafras também relatou
a Paulo o genuíno “amor no Espírito”
deles. O Espírito de Deus produziu neles aqueles sentimentos divinos. É
significativo que o Espírito Santo seja mencionado apenas esta única vez na epístola
e ainda, de passagem. Isto é bem diferente de Efésios, onde não há um capítulo
onde a Pessoa do Espírito Santo não seja mencionada como tendo uma parte
integral na obra de Deus nas almas, revelando a verdade, etc. A razão para isto
é que o Espírito está tão concentrado em glorificar a Cristo e voltar o foco
dos santos colossenses para Ele, que Ele propositadamente Se mantém fora da
cena (Jo 16:13-14). Além disso, devido à natureza do ensinamento que vinha dos
falsos mestres, que ocupavam pessoas com coisas místicas invisíveis, insistir
na obra do Espírito (que é invisível) poderia muito bem ter encorajado os colossenses
em uma direção errada. O Apóstolo, portanto, propositalmente não aborda a obra do
Espírito nesta epístola, mas sabiamente não a destaca, e assim esperou por
outro tempo para falar com eles sobre a obra do Espírito.
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