O Efeito Prático de Estar Morto Com Cristo
Cap. 2:20-23 – Paulo fala
primeiro das ramificações práticas do crente estando morto com Cristo. Ele diz:
“Se (já que) morrestes com Cristo aos
rudimentos do mundo, porque, como se vivendo no mundo, vos sujeitais a
ordenanças: Não manuseies, nem proves, nem toques (as quais coisas são todas
para destruição pelo uso), conforme os mandamentos e doutrinas dos homens? Elas
têm sem dúvida certa aparência de sabedoria em culto voluntário e humildade e
severidade para com o corpo; mas não têm valor algum e só servem para
satisfazer a carne” (TB). O argumento de Paulo aqui é que, uma vez que os
santos morreram “com Cristo” para “os rudimentos [elementos – JND] do mundo”,
por que se sujeitariam a várias ordenanças de religião mundana que foram
inventadas por homens ou emprestadas do judaísmo? O crente não está apenas
morto para as coisas mais grosseiras da carne, mas também para a religião
mundana. Os Cristãos, em geral, não entenderam isso e incorporaram erroneamente
muitas ordenanças e rituais carnais em seus cultos da igreja. W. Kelly disse: “O
grande erro da Cristandade sempre foi voltar às ordenanças” (Lectures on Colossians, pág. 136). (O Cristianismo
bíblico tem apenas duas ordenanças: o batismo e a ceia do Senhor. O batismo é
realizado uma vez na vida de uma pessoa e o partir do pão na Ceia do Senhor
deve ser feito semanalmente – At 20:7).
O fato de esses falsos
mestres terem encorajado os santos a se engajarem nas ordenanças carnais da
religião terrena provou que eles estavam promovendo algo que não fazia parte do
verdadeiro Cristianismo bíblico. Para ajudar os colossenses a ver isso mais
claramente, Paulo expôs a loucura de buscar a realização espiritual por meio de
ordenanças carnais e práticas ascéticas (punir o corpo na tentativa de
impedi-lo de obedecer às concupiscências da carne). Ele dá um exemplo das
regras e regulamentos que acompanham muitas dessas ordenanças – “Não manuseies, nem proves, nem toques”.
Estas são injunções humanas, que ele chama de “os mandamentos e doutrinas dos homens”, pelos quais pessoas
religiosas mal orientadas procuram em vão controlar a carne e alcançar uma vida
espiritual mais elevada. Religião feita de confiar em ordenanças e rituais
externos pode apelar para um homem “vivendo
no mundo”, mas é totalmente inconsistente com o crente que aceita a verdade
de que ele morreu com Cristo. A identificação com a morte de Cristo o separou
de tudo isso. Em um parêntese, Paulo explica que essas coisas não eram
espirituais, mas carnais, e eram “para
destruição pelo uso” delas (v. 22a).
Como mencionado
anteriormente, o ascetismo nega ao corpo certas coisas (comida, sono, conforto
natural, etc.) para purificar o espírito humano e controlar a concupiscência,
mas na realidade só gratifica a carne com o sentimento de ter agido naquilo que
acha ser louvável. A orgulhosa natureza caída ganha certa satisfação em tentar
manter o corpo controlado; uma pessoa pode se orgulhar do que sofreu. Em outro
parêntese, Paulo explica isso, afirmando que essas coisas têm “certa aparência de sabedoria em culto
voluntário e humildade e severidade para com o corpo” (v. 23). Depois de
fechar o parêntese, ele diz que toda essa prática é apenas “para a satisfazer a carne”. Apesar desse ar de
pseudo-espiritualidade, milhares de monges provaram que essas coisas não
controlam os prazeres da carne. Eles privaram seus corpos, espancaram seus
corpos e fizeram muitas promessas sinceras a Deus, etc., mas nenhuma quantidade
de força de vontade e sofrimento físico mudou a mente carnal do homem. O Senhor
ensinou isso a Nicodemos, dizendo: “O
que é nascido da carne é carne” (Jo 3:6). Ou seja, a carne não muda no
homem, independentemente de quantos mecanismos forem usados para alterar suas
propensões. Depois de todas essas tentativas de reformar a carne terem sido
feitas, permanece a mesma velha carne que sempre foi.
No capítulo 2:20-23, Paulo
não descreve um homem que está se esforçando para se tornar morto. Isso é algo
que não é ensinado nas Escrituras, mas lamentavelmente buscado por muitos
crentes bem-intencionados. Eles dirão: “Temos que morrer para nós mesmos, para
que Cristo possa viver em nós”. A verdade é que o Cristão está “morto com Cristo” (v. 20). Ele também
está “morto para o pecado” (Rm 6:2)
e “morto para a lei” (Rm 7:4). Tudo
isso é resultado de sua identificação com a morte de Cristo. Portanto, o que é
necessário não é um esforço de alguém para atingir a morte com Cristo por meio
de práticas ascéticas, mas ter o poder do Espírito para agir sobre o fato de
que morremos com ele. Isto é retomado
em detalhes em Romanos 6-8.
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